Goiás é o maior confinador de gado do país. Em 2012, segundo levantamento da Associação Nacional dos Confinadores (Assocon), os 234 confinamentos do Estado foram responsáveis por 26,43% dos mais de 3,8 milhões de animais terminados nesse sistema em todo o Brasil.
Em Rio Verde, a Rota da Pecuária encontrou um projeto que engorda até 30 mil cabeças por ano. O mineiro Carlos Kind escolheu montar o empreendimento no município que mais produz grão em Goiás, justamente pela boa oferta de matéria prima para a dieta dos animais. Isso ajuda a reduzir o custo de produção.
– O privilégio de estarmos bem localizados nos permite fazer uma compra tranquila em termos de valor e de quantidade. A cidade é muito produtiva, e a agricultura é muito avançada na tecnologia – afirma Kind.
Mato Grosso vem em segundo lugar no ranking brasileiro de confinamentos. Em 2012, o Estado representou 25,42% do volume total de animais confinados, com 132 projetos ativos. O Estado tinha até a expectativa de ultrapassar Goiás e ganhar a liderança, mas, conforme o consultor pecuário Ricardo Burgi, a expansão dos confinamentos no Estado ficou abaixo do esperado neste ano.Os animais entram com uma média de 12 arrobas e ganham seis arrobas depois de 65 dias. O confinamento de Kind começou com 3 mil cabeças. Hoje, o empreendimento tem capacidade estática para 15 mil, além de funcionar no sistema de boitel, como prestador de serviço. O boitel, sistema de confinamento empresarial que vem crescendo na última década no país, funciona através do pagamento de diária por cabeça.
– No ano passado, nós tivemos o problema da valorização muito alta do milho, a meio caminho do período do confinamento. Isso deixou o confinador desanimado para este ano. Estamos aguardando a entrada do mercado na safrinha do milho, que vem com preços mais favoráveis. Deveremos ter um custo de engorda mais baixo, mas não acreditamos em uma grande expansão do confinamento em Mato Grosso este ano – diz Burgi.
Conforme Burgi, o perfil dos confinamentos varia de região para região. No famoso corredor das fazendas entre Barra do Garças e Nova Xavantina, que concentra aproximadamente um terço dos animais confinados no Estado, o confinador é o pecuarista tradicional, que utiliza a ferramenta como uma atividade estratégica.
– Além de engordar naturalmente os machos destinados ao abate, o confinamento alivia os pastos durante a seca e confina as vacas de descarte – afirma o consultor.
Nas regiões mais agrícolas do Estado, líder na produção brasileira de grãos, os confinamentos tendem a ser mais empresariais e têm se expandido por conta do aproveitamento da oferta de matéria prima.
A equipe da Rota da Pecuária esteve em um confinamento em Campo Novo do Parecis, no médio norte de Mato Grosso, que foi implantado dentro de uma usina de cana. A ideia é aproveitar os subprodutos, como o bagaço da cana, que representa 48% da ração, além da levedura e do melaço, que também compõem a dieta dos animais.
– Como o milho é da região, não tem o problema do frete. O outro ingrediente proteico é a torta do girassol, da qual há uma indústria na cidade. Os minerais são geralmente o que vem de fora. O nosso confinamento sai uns 25%, 30% mais barato que em outras regiões – afirma o agropecuarista Jesur José Cassol.
Aproveitar recursos e se tornar mais sustentável é um dos caminhos de sucesso para o confinamento. Em São Paulo, o terceiro Estado mais representativo no número de animais terminados neste sistema, com 15,14% do total, a equipe da Rota da Pecuária visitou a Estância Monte alegre, em Barretos. O modelo de projeto da estância recebeu na Feicorte 2013 pelo terceiro ano consecutivo, o prêmio Nelson Pineda de sustentabilidade. As 15 toneladas de dejetos produzidas por dia no confinamento vão para os 150 alqueires de lavoura de cana e também para a área de produção de feno do empreendimento, que confina 40 mil animais por ano.