– A gente nunca viveu uma seca com tamanho estrago. Eu acredito que se a gente colher 30 sacas por hectare na média geral, talvez estaria de bom tamanho, com insumos e tecnologia aplicada era para se colher em torno de 60 sacas por hectare. Vai ficar bem abaixo disso e tem relatos de produtores que disseram que vai ser 100% de perda – afirma.
Segundo o chefe-geral da Embrapa Soja, José Renato Boucas Farias, a perda de produtividade em lavouras do Paraná já é irreversível para muitos produtores:
– Em algumas regiões teve problemas de alta radiação, elevadas temperaturas. Muita chuva irregular, associada com ciclo da cultura, e com certeza terá um prejuízo muito considerável.
A soja que ainda for colhida já dá sinais de baixa qualidade do grão. A renda do produtor também deve sofrer impactos na hora da venda do produto, afirma o consultor do Projeto Soja Brasil, Áureo Lantmann:
– Esse excesso de calor e falta de umidade, vai ocorrer muito grão miúdo e grão verde. Na hora de entregar a soja no receptor vai receber um desconto. A quantidade de grão verde vai ter desconto. A quantidade e a qualidade vai ser menor. Vai ser comprometido pela grande quantidade de soja verde neste ano – complementa.
Os sinais de que a safra 2013/2014 perdeu qualidade em algumas regiões do Paraná é claro quando se faz uma observação mais profunda. Se pensar na safra 2014/2015, os desafios também já começam a aparecer por causa do calor e da falta de chuvas. As condições climáticas desfavoráveis geraram alto índice de semente de soja verde, o que pode ser um grande problema já para a próxima safra de soja.
O pesquisador da Embrapa José França Neto alerta que pode faltar semente para o plantio da safra 2014/2015. Segundo ele, em lotes de 20 toneladas de soja são aceitos até 9% de sementes de soja verde. Este ano, no entanto, os índices já superam 40%. A situação é séria, e não se restringe apenas às lavouras do Paraná.
– Esse ano tem ocorrências em Santa Catarina, Paraná, São Paulo, Mato Grosso do Sul, Goiás, Tocantins, Bahia, Maranhão, Piauí. Em muitas dessas regiões a seca, associada à alta temperatura, está ocorrendo em campos de produção de sementes, e isso nos preocupa e muito. A nossa preocupação é que possa faltar. Hoje diversas associações de produtores de sementes estão pleiteando junto ao Mapa que sejam inscritos campos de emergência, para que tenha volume maior de semente. Se basear na semente inscrita. Pode ser que tenhamos problema de falta de semente para a próxima safra – alerta.
– Baixa disponibilidade de água, e o grão vai ser de qualidade inferior. Vai ter problema de sementes no ano que vem. E grão, a indústria vai ter um trabalho extra pela presença de grãos verdes, que torna o processo mais complicado – conclui o chefe-geral da Embrapa Soja.