A conclusão é de analistas do setor, que fizeram um levantamento conjuntural do frete brasileiro em meio à crise.
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Em uma das principais rotas de transporte de grãos no país, entre as cidades de Sorriso, em Mato Grosso, e Santos, em São Paulo, o preço do frete médio está mais baixo que o do ano passado: R$ 262, em média, por tonelada de grão.
Em 2014 era de R$ 280, ou 6,5% a menos, apenas um exemplo do que está acontecendo em todo país. Segundo os analistas da Esalq Log de Piracicaba, um dos motivos que fizeram os preços caírem foi o atraso da safra de grãos esse ano, principalmente da soja. Desde a última quarta, dia 18, quando começaram os protestos, a categoria pede a redução do preço do óleo diesel e faz pressão pelo aumento do preço pago aos caminhoneiros.
– De fato, existe uma grande expectativa que essas paralisações venham a influenciar os valores de frete. O óleo diesel corresponde a cerca de 30% do custo de transporte. Quando a gente compara 2015 com o ano anterior, se observa que os preços do frete encontram-se em patamares reduzidos – explica o coordenador do Esalq Log, Thiago Guilherme Pera.
– O preço do frete é o pior dos últimos tempos. O diesel, o pedágio e o preço do frete subiram. Eu carregava de Santos para Fernandópolis e cheguei a carregar R$ 70, hoje, está R$ 45 – conta o caminhoneiro, Pedro Paulo da Silva.
– Para os autônomos a situação está cada vez mais complicada. Hoje, as empresas não querem carregar o autônomo, não têm prioridade em lugar nenhum e vamos acabar sozinhos – lamenta o caminhoneiro Marcos Roque.
Também foram registradas quedas significativas na rota que vai de Ponta Porã, em Mato Grosso do Sul, até o Porto de Paranaguá, onde o frente caiu 11% em relação a fevereiro do ano passado. Atualmente, o preço médio é de R$ 266. Entre Cascavel, no Paraná e Paranaguá a queda foi de quase 15% e o frete está em R$ 86,50 por tonelada. Pera avalia que essa baixa não deve se manter no curto prazo.
– A tendência é aumentar os preços de frete por causa da greve e das reivindicações que estão acontecendo. E também por que os Estados produtores estão com a colheita um pouco atrasada em relação ao último ano, em função das chuvas. Isso tem dificultado o escoamento e tem impactado na demanda de serviço de transporte e preço de frete mais reduzidos. A expectativa é de que os preços de frete se elevem para novos patamares – conclui o analista.
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