Em Ipiranga do Norte, em Mato Grosso, vários agricultores de soja e milho têm usado adubo foliar. A aplicação de nutrientes às folhas das plantas, com o objetivo de complementar ou suplementar as necessidades nutricionais das mesmas, não é uma prática nova, sendo conhecida há mais de 120 anos. Apesar de todos os conhecimentos e de algumas vantagens, o uso dos principais nutrientes em pulverização foliar tem sérias restrições.
A utilização de sais solúveis de NPK, por exemplo, somente pode ser feita em baixa concentração, sendo necessárias várias aplicações para atingir a adequada quantidade de nutrientes nas plantas. O uso excessivo pode afetar significativamente a produção.
Quando a concentração é aumentada, pode ocorrer a queima das folhas. Na prática, têm sido obtidos resultados muito inconsistentes quanto a sua eficiência, havendo ainda inúmeros pontos obscuros a serem estudados, sem os quais não será possível sua utilização em larga escala.
A adubação foliar normalmente é tratada de forma muito genérica, ou dada uma perspectiva exagerada do efeito, sem a consideração de uma série de particularidades que seu emprego requer.
Qual o objetivo de uma adubação foliar? Corrigir as deficiências? Complementar à adubação do solo? Suplementar à adubação do solo durante todo o ciclo da cultura? Suplementar à adubação de solo no estádio reprodutivo da soja? Se as necessidades nutricionais da soja, quantificadas, e a função da interpretação dos resultados de análises de solo forem atendidas via adubação no solo, as adubações via foliar provavelmente serão inócuas.
A maior questão sobre a adubação foliar para a soja é quando se deve aplicar adubo foliar. Na verdade, há necessidade de um diagnóstico, em que se considerem os resultados de análise de solo; os resultados de análises foliar de anos anteriores, complementados com índices do DRIS 3; os conhecimentos da adubação utilizada no ano e, principalmente, das adubações de anos anteriores; o histórico de sintomas de deficiências em anos anteriores, principalmente de micronutrientes; além de considerar as respostas apresentadas com o uso de adubos foliares em anos anteriores.
Sem esse conjunto de informações, a adubação foliar na soja fica sem objetivo e sem parâmetro de referência para sua recomendação. Nos casos de cobalto, molibdênio e manganês, há argumentos técnicos para suas recomendações via foliar. Cobalto e molibdênio, quando não forem adicionados via sementes, quando está for, ainda, a mais eficiente forma de adubação para esses dois nutrientes, pode-se optar pela via foliar. Para o manganês, quando surgirem sintomas ainda no período vegetativo, se recomenda a via foliar.