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Produtores do Distrito Federal sofrem com estiagem prolongada e somam perdas

Inmet afirma que veranicos são difíceis de ser previstos e que acontecem com muita frequênciaOs problemas causados pelo clima seco nas lavouras de soja do Distrito Federal deixaram os produtores apreensivos. Eles já estão repensando os investimentos na safrinha de milho.

Genésio Muller tem uma fazenda de grãos na região de Planaltina e foi um dos que sofreram com a estiagem. Segundo ele, 100% de uma lavoura de feijão de 100 hectares foi perdida por causa da seca. O prejuízo chegou a R$ 300 mil. 

Numa lavoura de 105 hectares de soja, o planejamento inicial de Muller era colher 65 sacas por hectare, mas o veranico de 21 dias seguidos em janeiro prejudicou a produtividade. A previsão é de uma perda de, no mínimo, 40%. Mesmo no cenário mais otimista, a colheita vai servir apenas para cobrir os custos da lavoura, nada de cobrir o investimento, nada de lucro

– Esse ano é um ano atípico, né. Porque eu estou há 30 anos aqui, é o primeiro ano que eu perco por calor, por sol, porque as chuvas foram muito poucas e não tinha umidade suficiente e o calor foi muito forte, chegou até 44 graus de temperatura. Então, realmente a produção de soja sofreu, porque pegou bem no estágio de enchimento de grão – relata o produtor.

O problema fica ainda mais grave porque o seguro agrícola pago por ele, contratado para cobrir 65% da lavoura, não vai reembolsar toda a quebra de 40%.

– E o meu? Fica onde? Esse seguro é uma enganação da seguradora, do governo com o produtor, porque se eu colher 40 sacos aqui, 35, no caso, desses 35 sacos que eu colher, 65 é para o banco e 35 pra mim, não seria isso o correto? E o banco não… Se eu colher 35 é a parte dele, ele não me indeniza nada, diz que eu colhi – reclama Muller.

O agricultor José Guilherme Brenner, também da região de Planaltina, calcula uma quebra de cerca de 20% na lavoura de 300 hectares de soja. O prejuízo vai fazer com que ele mude os planos para a segunda safra de milho e reserve algumas áreas para a plantação do sorgo, cultura mais resistente ao clima seco.

– O produtor realmente está meio com medo desse clima que está deixando muito a desejar. Então, a gente deve ir pra uma cultura de menos risco com o clima e, além disso, o investimento que seria melhor, possivelmente vai ser um investimento mais baixo em adubação, em materiais mais baratos, eu acredito que vai ser isso aí – calcula Brenner.

Segundo a meteorologista do governo federal Odete Chiesa, os veranicos em janeiro são comuns e prevê-los é muito difícil.

– Enquanto tiver bloqueios atmosféricos impedindo que as frentes subam aqui na grande área central do Brasil sempre é possível acontecer veranicos. Isso acontece praticamente de dois em dois anos, talvez até menos, às vezes mais, não há uma frequência, dizendo que podemos prever um veranico, um período de seca dentro do período chuvoso acontece com bastante normalidade e o prejuízo sempre é maior quando é no mês de janeiro – justifica Odete, do Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet).

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