Santo Ângelo é conhecida como a Capital das Missões. A Catedral, no centro da cidade, é o principal monumento que remete às origens do município. Missões jesuíticas na região, municípios com passados semelhantes e que, no presente, dividem as mesmas preocupações quando o assunto é agricultura.
João Luiz Mattioni e Enio Costa Bebber chegaram em São Luiz Gonzaga na década de 70 para cultivar a terra. Hoje, ambos plantam mais de mil hectares de soja cada um. Nesses quarenta anos, perderam a conta de quantas vezes o clima interferiu na colheita.
Em Santo Angelo não é diferente. A sequência de anos ruins na agricultura foi alvo até de um levantamento realizado por produtores e cooperativas do município.
Em uma lavoura da região se percebe bem os efeitos da estiagem. As plantas até se desenvolveram, mas o problema está nas vagens. A falta de água impediu o desenvolvimento completo dos grãos.
Na hora de colher, o resultado fica bem aquém da expectativa. A lavoura vai render metade do que o produtor esperava.
Realidade bem diferente é encontrada em uma lavoura vizinha que há nove anos iniciou a implantação de equipamentos de irrigação. Hoje, ela tem cinco pivôs centrais que cobrem uma área de 300 hectares. Na área pronta para colher, a mesma estiagem que castigou outros produtores não causou nenhum problema aqui. Os grãos estão perfeitos e a produtividade deve passar de 70 sacas por hectare.
Em São luiz Gonzaga, a irrigação também é a principal alternativa para fugir dos veranicos. Regis Augusto Giovanelli e Fábio Comparsi, jovens produtores rurais, sabem bem disso. Debaixo dos pivôs fazem duas safras de verão. A primeira de milho e a segunda de soja.
As facilidades nas linhas de crédito, hoje com juros de 3% ao ano e prazo de 10 anos, têm incentivado os produtores. Nos últimos dois anos, a área irrigada ultrapassou os 2 mil hectares no município. Mas ainda há sérios entraves que atrapalham quem pretende instalar um equipamento.
A irrigação é importante, mas precisa de uma aliada: a pesquisa. Hoje, os produtores do noroeste rio-grandense, berço da produção de soja no Brasil, se dizem abandonados.