Um asfalto liso e bem sinalizado cruzando lavouras de grãos. Esta é a estrada que nos leva ao distrito de São Luiz do Oeste, em Toledo. São 14 quilômetros, que hoje podem facilmente ser percorridos em alguns minutos.
Mas nem sempre foi assim. Foram mais de quatro décadas de espera até que o asfalto chegasse, há 3 anos. E ele só veio através de uma soma de esforços, liderada pelos produtores rurais da comunidade.
A ideia foi inspirada em projetos semelhantes realizados em Mato Grosso. O produtor Euclides José Dresch viajava pelo Estado quando passou por rodovias que foram pavimentadas através de parcerias público privadas (PPP´s), envolvendo dinheiro do governo estadual e dos produtores rurais. Era o que faltava para que o agricultor tivesse certeza de que este poderia ser o modelo ideal para solucionar os problemas enfrentados em sua comunidade. Com o sonho realizado, as dificuldades do passado ficaram apenas na lembrança.
Mas no começo foi difícil convencer os moradores de que, além de continuar pagando os impostos, seria preciso colocar a mão no bolso para ver o projeto sair do papel. A persistência dos agricultores falou mais alto. E o grupo arcou com metade do custo total da obra, estimado em R$ 2,5 milhões.
O sucesso do projeto estimulou iniciativas parecidas na região. No distrito de São Miguel, o asfalto já chegou. Os 7,5km que ligam as propriedades rurais à BR-163 também foram pavimentados em sistema de parceria. A comunidade contribuiu com R$ 350 mil , um terço do valor da obra.
– Definimos a contribuição de cada morador através do número de veículos – diz o produtor Celso Miguel Porsch.
As cotas garantiram a pavimentação. O asfalto acabou com os impactos da logística ineficiente.
Assim como os distritos de São Miguel e São Luiz do Oeste, os acessos a todas as comunidades rurais de Toledo já estão pavimentados. Ao todo, 218 quilômetros foram asfaltados através de parcerias entre agricultores e prefeitura. As iniciativas reduziram custos de transporte, valorizaram as terras e levaram mais progresso para os locais.
Para o presidente do Sindicato Rural de Toledo, Nelson Paludo, os gargalos internos estão sendo solucionados. Resta agora encontrar saídas para outros obstáculos, como por exemplo, as elevadas despesas do trajeto até o porto de Paranaguá.
Enquanto os próximos desafios não são resolvidos, os agricultores de Toledo mostram que gente simples, fazendo pequenas coisas, pode conseguir mudanças extraordinárias.