No último final de semana, a estrutura cedeu após a passagem de um caminhão carregado de grãos. Além de enfrentar boa parte da estrada de terra, caminhoneiros como Luciano Parreira tem agora mais um desafio.
– Tem que passar por outra ponte lá em cima para fazer a volta. Gasta combustível e aumenta o tempo e o desgasto do caminhão é maior – reclama.
O percurso está mais de 50 km maior porque esta pode de madeira cedeu há dias. O caminhão carregado de soja ainda está a 20 metros de profundidade. A família do motorista, que viajava no veículo, escapou por pouco.
– Ele mandou a esposa e os filhos atravessarem a pé – recorda o produtor rural Carlos Alberto Moreira.
Construída em 2007, a ponte já passou por três reformas. Há pelo menos três meses os produtores da região cobram o governo do Estado investimentos para mais uma reforma ou para a construção de uma nova ponte. A estrutura é muito importante para escoar a produção dos 50 mil hectares de lavouras que ficam do outro lado do rio das mortes. No pico da colheita, passam, por dia, mais de 100 caminhões.
– É nosso direito uma ponte decente, de concreto, com segurança e vida útil. Não temos respostas e ninguém fala nada pra gente – explica o produtor rural.
Carlos Alberto Moreira conta que a viagem, que duraria quatro horas, está levando o dobro do tempo. Por isso, o frete está sendo de 5% a 7% mais caro. Custo que nem todos estão dispostos a arcar.
Com a ponte sem previsão de conserto, a opção encontrada por pelo menos um agricultor para escoar a produção até o armazém é utilizar uma balsa particular, que está em situação precária. O agricultor Antônio Rotili decidiu arriscar para não perder tempo.
– Não tem como não trazer a produção. A ponte está quebrada e vamos passar com meia carga. Eu gasto dois dias para colher a lavoura, vou levar cinco dias para colher ou viajar mais 100 km. Não é viável e a gente não está preparado. Não temos caminhos suficientes na região. Fica difícil e podemos perder a lavoura – justifica Rotili.
O dono da balsa permitiu o uso, mas não se responsabiliza se algum acidente acontecer. Segundo ele, a garantia de segurança hoje é apenas para veículos leves.
– Já passou truck, passou carreta, bi-trem e agora não dá mais, a balsa tá sucateada. É um absurdo em 2015 passar em balsa particular para escoar a produção em Mato Grosso – protesta o agricultor Carlos Alberto Moreira.
A informação foi enviada pela telespectadora Kenia, de Goiás, através do WhatsApp do Canal Rural.