– Mesmo assim, 10% é bastante baixo. Seria uma sobrevivência até entrar em um novo ciclo chuvoso – declara o consultor da Excelência Energética, Josué Ferreira, responsável pelas estimativas.
Para isso, o regime de chuvas também terá de ajudar. Qualquer volume menor do que 80% da média provocaria um colapso. Aos 70% e sem nenhum tipo de redução de consumo, os reservatórios chegariam ao fim de outubro com 3,41% da capacidade.
Na semana passada, o diretor-geral do Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS), Hermes Chipp, comentou que a desaceleração da economia, os aumentos no preço da energia e a campanha de racionalização do consumo já surtem efeitos. Com isso, o órgão revisou a previsão de crescimento da demanda de energia de 3,2% para 0,2%, em2015.
– Este ano será tão crítico no segmento de geração de energia quanto foram 2014 e 2013 – conclui Chipp.
Em 2001, as recomendações para a economia de energia eram substituir eletrodomésticos e lâmpadas. Hoje, a receita para a redução de consumo é a mudança de hábitos cotidianos. O presidente do Instituto Data Popular, Renato Meirelles, cita como exemplos reduzir a duração do banho quente com chuveiro elétrico e juntar mais roupas para colocar na máquina de lavar.
Outra recomendação de especialistas é desligar aparelhos da tomada enquanto não são utilizados, desde carregadores de celulares até televisão. Isso evitaria os gastos com o stand by, elevados no caso de aparelhos que esquentam quando ligados na luz, como é o caso de receptores de sinal de TV a cabo. Porém, a orientação não é unânime.
– Isso é bobagem – garante o diretor do Instituto Ilumina, Roberto D’Araújo.
Segundo ele, no caso de alguns aparelhos eletrônicos, o stand by é até útil para manter a corrente elétrica e evitar umidade. A mais radical das orientações é o menor uso dos aparelhos eletrônicos e eletrodomésticos, o que atingiria o conforto dos brasileiros.
D’Araújo ainda lamenta que falta investimento contínuo em campanhas educativas sobre uso racional da eletricidade. O governo tem tentado mudar o comportamento dos consumidores com uma campanha iniciada este mês. Mas aavaliação é de que a medida chegou tarde.
– Seria prudente que já tivesse sido adotada uma redução lenta e gradual do consumo. A racionalização é importante. Se não recuperar o nível dos reservatórios no final do regime chuvoso e caso não caia o consumo, talvez seja preciso adotar uma política mais severa – pontua Josué Ferreira.