O cultivo de cogumelo shitake exige bastante cuidado e dedicação. Para o bom desenvolvimento, é recomendável um ambiente climatizado, com temperatura e luz controlados. Mas a atividade é bastante rentável: o mercado paga entre R$ 25 e R$ 28 por quilo.
O produtor Iwao Akamatsu trabalha com a variedade há 23 anos. Ele desenvolveu um sistema de cultivo em blocos, considerado uma evolução do modelo convencional que usa toras de madeira para semear o fungo.
Segundo Akamatsu, foi necessário buscar conhecimento fora do Brasil. “Fiquei três meses no Instituto de Pesquisas de Nagano, no Japão. Visitei produtores, universidades, centros de pesquisa, tudo relacionado ao cogumelo; aí vi realmente como a tecnologia pode mudar essa atividade”, relembra.
Como funciona a técnica
- Uma plaina invertida faz o serviço de produzir a raspa da madeira de eucalipto, matéria-prima para o bloco;
- A maravalha é levada para um pátio onde é molhada;
- No misturador, é batida com serragem fina e farelo de cereais, ingredientes que vão alimentar o cogumelo;
- Depois de prensados, os blocos vão para a autoclave, um equipamento que trabalha com alta pressão e alta temperatura para matar os microorganismos que possam fazer mal ao cogumelo.
Investimento
Após 90 dias, o composto está pronto para ser vendido ao produtor, por R$ 4,50 a unidade. “O bloco fica em produção de quatro a seis meses. Depois, vira adubo. Aliás, se você quiser fazer uma cama para minhoca, é um excelente material”. conta. Cada bloco gera entre 500 e 700 gramas de cogumelo. Assim, o custo do quilo fica em torno de R$ 9.
Para começar o plantio de shitake, com toda a estrutura de câmara fria e instalações, o investimento é de, aproximadamente, R$ 200 mil. O governo do São Paulo oferece uma linha de crédito para esse tipo de atividade: o Fundo de Expansão do Agronegócio Paulista (Feap), com juros de 3% ao ano e carência de até cinco anos para começar a pagar.
O sistema deu tão certo que Akamatsu montou um laboratório para fazer o controle de qualidade e atender as necessidades dos produtores. “Quando um parceiro tem algum problema, como praga, por exemplo, o laboratório identifica e nós recomendamos o melhor cuidado”, explica.
A terceira função do investimento é pesquisa e desenvolvimento. “Testamos novas linhagens, cogumelos diferentes, matéria-prima diferente. Estamos fazendo sempre alguma pesquisa para aprendermos um pouco mais sobre a nossa atividade”.
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Dos computadores para o campo
O Dágoras Kanemaru é um dos parceiros do Akamatsu. Ele trabalhava na área de informática e começou a produzir há pouco mais de um ano. “Visitava a produção de um amigo e achava legal. Como queria uma coisa própria, comecei com o shitake e estou muito feliz”, afirma. Atualmente, colhe cerca de uma tonelada por mês.
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