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Este foi o cenário exposto durante o Fórum Soja Brasil que debateu a logística da safra 2013/2014 nesta sexta, dia 31, em Quarto Centenário, no Paraná – evento que faz parte da programação da Abertura Oficial da Colheita da Safra de Soja 2013/2014. O fórum contou com a presença do governador do Estado do Paraná, Roberto Richa (PSDB), que chegou a tempo do encerramento e resumiu a sensação geral dos participantes e do público:
– Da porteira para dentro somos eficientes, o problema é da porteira para fora.
O governador destacou as medidas que o Estado têm adotado para melhorar a logística de escoamento da produção dentro do Paraná, cuja principal ação é a melhoria da gestão do Porto de Paranaguá e investimentos na compra de equipamentos mais modernos para o carregamento dos navios.
Segundo o superintendente dos Portos do Paraná, Luiz Henrique Dividino, o Estado organizou um mutirão, reunindo os terminais e as traddings, para estabelecer medidas de gestão que permitam melhorar a eficiência dos portos do Paraná.
– Há dois anos, um caminhão levada entre 20 e 22 horas pra descarregar em Paranaguá, Hoje esse tempo está em torno de quatro horas. Isto permitiu que, com as mesmas condições desse para receber 12% a mais de caminhões – disse Dividino.
Este ano, segundo Dividino, as ações foram diretamente na fila de navios na barra, que costuma fazer uma fila de espera para atracar. Segundo o superintendente, as novas regras permitem que o navio entre no line up apenas quando tem todas as condições de embarque prontas. Isto deve impedir que navios “guardem lugar” na fila de embarque mesmo que não tenham o contrato de carregamento fechado.
– Além disso, nossa equipe no Porto conseguiu licitar R$ 400 milhões com recursos do Estado para a compra de dois carregadores novos com capacidade 30% maior que os atuais.
Governo demora para agir
O presidente da Aprosoja Brasil, Glauber Silveira criticou a morosidade do governo em resolver os problemas logísticos do país. O asfaltamento da rodovia BR-163, por exemplo, permitiria desviar o escoamento de 15 milhões de toneladas dos portos de Santos e Paranaguá para os portos do Norte do país.
As normas para o financiamento para armazenagem, outra medida importante para diminuir custos e aumentar a qualidade da produção, também chegaram atrasadas e seus efeitos não serão sentidos ainda nesta safra.
– As normas saíram em outubro, vieram com as chuvas. Não dá para construir armazém nessa época – apontou Silveira.
Para o diretor-presidente da Macrologística Consultoria, Renato Casali Pavan, esse é um ponto extremamente estratégico, no qual o Brasil está muito atrasado em relação a seu maior competidor, os Estados Unidos.
– Como os Estados Unidos fazem para trabalhar 500 milhões de toneladas e sem filas? Eles armazenam, secam e limpam na fazenda. É isso é o que temos que repetir – disse Pavan.
Segundo o especialista, apenas 15% dos grãos brasileiros são armazenados nas propriedades.
– A culpa é do produtor? Não. Nos Estados Unidos houve um programa de financiamento altamente subsidiado para que o produtor tivesse silo no nível adequado. Finalmente agora temos uma linha de financiamento aqui, é um bom negócio ter silo na propriedade – apontou o diretor-presidente da Macrologística.
Outra medida que demorou demais para sair é a concessão dos portos. Em junho, o Congresso Nacional aprovou a Lei dos Portos, que transfere para a iniciativa privada a exploração dos terminais públicos, mas nenhuma licitação foi realizada ainda. Para o diretor-executivo do Movimento Pró-Logística, Edeon Vaz Ferreira, o Brasil precisa aumentar os embarques de sua produção pelos portos do Norte e Nordeste.
– Atualmente 54% dos grãos brasileiros são produzidos do paralelo 16, a partir de Cuiabá, Brasília, Ilhéus, para o Norte. Mas somente 13,3% disto sai pelos portos do Norte e Nordeste. Precisamos mudar isto – apontou Ferreira.
Lei dos motoristas é outro problema
O deputado Valdir Colatto (PMDB-SC), também presente no Fórum, convocou o público a pressionar o Congresso Nacional a aprovar o projeto de lei que altera as regras sobre os tempos de descanso e paradas intrajornadas determinadas na Lei dos Motoristas.
– Mudamos totalmente a proposta. Estamos discutindo com o Ministério do Trabalho, o governo, os setores, para viabilizar o transporte rodoviário e diminuir esse custo Brasil, que é muito grande – disse o deputado.
Segundo Colatto, depois que a lei que obriga paradas para descanso a cada quatro horas entrou em vigor, os assaltos a caminhões aumentaram em 18% nas estradas. Ele espera que o novo projeto de lei seja votado em fevereiro, quando o Congresso retorna do recesso.