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Liberação do benzoato de emamectina tem efeito positivo no Paraguai, mas exige cautela
– Em certos momentos, final de outubro, início de novembro, chegou a faltar este produto. Aí que entrou no mercado o genérico, também abastecendo uma boa quantia destes produtos na região. Aí, eu acredito que Syngenta paraguaia deve ter trazido em torno de uns 70, 80 mil quilos deste produto, e chegou a faltar – conta o produtor Ernani Hammes.
O produto é mais caro e o quilo é vendido a US$ 250. A recomendação é para que sejam utilizados 50 gramas a cada 10 mil metros, e o custo é de US$ 12 por hectare. Inocêncio Scholl, agricultor de quase 60 anos, acha o valor em conta, principalmente depois de ter perdido 60% da soja plantada na safrinha passada.
– Se você vai contar o prejuízo que a gente teve, não tem preço. Então prefiro usar um produto mais caro, mas que pelo menos resolva a situação. Que eu fiz uma aplicação completa e perdi a lavoura. Depois igual tive que aplicar o produto caro, me custou muito mais caro – afirma.
Já Vanderlei Schorr confessa que teve medo. Acompanhou a polêmica no Brasil e ficou em dúvida.
– Até comentei com os caras, este produto não é meio perigoso? Aí falaram que é garantido, senão a empresa não ia lançar. Mas do mesmo modo tem que tomar bastante cuidado, usar todos os equipamentos de segurança e daí com máquina encaminhada dá para aplicar – diz o produtor.
Ele aplicou o produto duas vezes nos 900 hectares onde cultivou soja, e ao contrário do que ocorreu na safrinha, afirma que a lagarta foi controlada.
– Um cara me falou: “experimenta este produto aí que é bom”. Fui lá apliquei um tanque. Daí vi que funcionou muito bem mesmo. No caso, quando é urgente mesmo a gente põe ele – completa Schorr.
O produto que vem sendo a solução para o produtor paraguaio deve continuar a ser utilizado. A safrinha já começou a ser plantada e a procura pelo benzoato de emamectina vem aumentando.
– Acredito que a demanda vai ser maior, ainda porque a área de safrinha de soja no Paraguai tende a aumentar ao redor de 400, 450 mil hectares de área de soja, onde a pressão de insetos é muito superior a safra normal, e acredito que vai ter um crescimento muito forte destes produtos a partir de um mês, dois meses mais. Vai ter uma alavancagem de uso deste produto muito grande – aposta Ernani Hammes.
Inocêncio Scholl recuou. Mesmo tendo um resultado altamente positivo, colhendo 80 sacas por hectare, tem receio de que a lagarta se torne tolerante ao inseticida:
– Não vou plantar safrinha, estou com medo.
Em Cidade do Leste procuramos o Serviço Nacional de Qualidade e Sanidade Vegetal. O chefe regional do órgão ligado ao governo, Derlis Cardozo, afirmou que o benzoato é liberado desde que utilizado de forma correta e misturado a outro produto.
– A recomendação técnica que nós estamos usando é não utilizar somente o benzoato, mas sim uma mescla com outro inseticida para que não se produza rapidamente uma resistência novamente. A fórmula que nesta safra se utilizou é 40% e 10% benzoato, isto está dando um resultado ótimo até o momento – afirma.
Quanto à proibição no Brasil, Derlis Cardozo acredita ser uma questão comercial, mas admitiu que o produto é forte e tem que ser controlado:
– Certamente são situações comerciais porque sim, tecnicamente se pode usar ( o produto) não em porcentagem alta. Isto é categórico, porque também é bastante forte. Pássaros podem ser eliminados com isto.