Depois de cinco anos, a área de milho primeira safra voltou a crescer no país. Um dos motivos apontados pelos especialistas é o preço oferecido pelo cereal, mas isso pode mudar com uma produção maior e analistas já apontam que o começo de 2017 será um período bom para a negociação.
Para o produtor Valcírio Hasckel, do interior de São Paulo, 2016 foi um ano muito bom, quando ele conseguiu comercializar o produto na época do pico. “Cheguei a vender milho a R$ 50 e R$ 52, que é um preço maravilhoso. Pena que o suinocultor, a avicultura em geral não aguenta este preço, mas é um preço que dificilmente vai se repetir em 2017, a não ser que a gente não tenha a segunda safra, aí o milho vai se valorizar novamente. Tendo uma segunda safra normal, não vai ter este preço de jeito nenhum”, disse.
Depois de cinco safras consecutivas em que o milho verão perdeu espaço, principalmente para a soja, a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) estima que o aumento de área da primeira safra possa chegar a 6,4%.
Com a previsão de que também ocorra aumento de produtividade, a Conab aposta em uma safra de 28,5 milhões de toneladas. Já a consultoria Céleres aposta em 35 milhões de toneladas. Boas condições para o cultivo em algumas regiões deixam a expectativa para a próxima safra ainda mais otimista.
“Para este primeiro momento, entre dezembro e fevereiro, até a colheita da safra de verão ganhar força, não são descartadas altas de preço. Tem a questão cambial, o dólar voltando a subir e ainda tem bastante área pra rolar em termo de desenvolvimento de lavoura e depois também durante o plantio. Acredito na retomada da demanda pelas fábricas de ração e podemos ter uma alta pontual no mercado do milho. Para quem está planejando a venda, este é um momento pra ficar atento ao mercado e atento a esta oportunidade de venda”, disse o analista de mercado Rafael Ribeiro.
De acordo com as negociações no mercado futuro da BM&FBovespa, a saca de milho com base Campinas deve ser negociada com preço médio de R$ 37 no início do ano que vem, mas deve cair para cerca de R$ 33 no segundo semestre, dependendo do desempenho da segunda safra.
“Quem plantou e perdeu boa parte da lavoura de segunda safra neste ano vai ficar ressabiado, mas a expectativa ainda é de uma segunda safra maior que a primeira, apesar de a primeira crescer. O ideal é fazer o preço médio, então, a dica é aproveitar os preços de agora que ainda estão relativamente elevados, mesmo já tendo caído, e vai fazendo um preço médio”, concluiu a economista Amaryllis Romano.