O produtor Alexandre Monegat caminha pela plantação de trigo e se recorda da última safra de verão, uma das piores da história. “Foi muito ruim, menos da metade da produtividade média dos outros anos. Isso falando em soja… No milho, a produtividade chegou a 10%, 15% da média dos outros anos. Nós já alcançamos produtividade de 230 sacos por hectare e, nesse último ano, não ultrapassou 8 sacos por hectare”, diz ele.
A solução foi aproveitar o pouco que restou para fazer a silagem. “No milho, praticamente tivemos prejuízos. A receita não cobriria nem o custo de colheita, se tivéssemos colhido. A ideia foi transformar essa massa da planta de milho em silagem para tentar reverter um pouco o prejuízo do milho alimentando o gado”, afirma o produtor.
De toda área agricultável da região de Não-Me-Toque (RS), 25% é cultivada com milho. Com a seca, o baque foi muito grande. Pequenos e médios produtores, como Alexandre Monegat, que planta milho sequeiro, tiveram perdas quase irreparáveis. Uma bola de neve que chegou até a cooperativa da região.
Cadeia do milho sofreu impacto na região
O consultor de campo da Cotrijal, Robinson Barboza, afirma que toda a cadeia sentiu o impacto dessa quebra de safra, já que o mercado trabalhava com uma expectativa de comercialização que não foi atendida. “Isso acarreta preços mais elevados, trato animal mais caro e toda a cadeia sofre com isso”, afirma.
Segundo Barboza, 600 mil sacas de milho deixaram de entrar na cooperativa, o equivalente a R$ 48 milhões. A situação teria sido pior se não fosse a segurança da cooperativa e o seguro agrícola.
“Em nossa região, por haver muita produção de milho, a garantia do seguro foi elevada. O produtor ainda teve uma colheita e normalmente quando falta produto no mercado, o preço é elevado. Preço de milho alto, preço da soja alto e mais uma garantia de seguro. Em alguns casos, 120 sacos por hectare. Há um preço de 40 até 80 sacos”, diz.
Nova safra começa a ser plantada em agosto
Agora é pensar na próxima safra de milho, que começa a ser plantada em agosto. Barboza diz que o agricultor toma um tombo, mas logo já tem que se levantar. “Há poucos meses, fizemos a colheita de uma safra frustrada. Mas, se você olhar o investimento do produtor hoje, que está direcionado e empenhado para o próximo ano, ele pensa em produzir milho em 12 toneladas”, finaliza.
Para Alexandre Monegat, o agro não para. E ele acredita que, quanto se tem as contas nas palmas da mão, é mais fácil de controlar. “A persistência é o que faz a diferença”, diz.