Com o plantio do milho segunda safra praticamente concluído, agricultores de Canarana miram o foco para o cultivo de gergelim. O município é considerado a capital nacional da semente e deve registrar um aumento de aproximadamente 30% na área destinada à cultura, repetindo o que também aconteceu com o milho.
O plantio de gergelim na propriedade do agricultor Rafael José Wilbert já foi concluído. Nesta safra, segundo ele, a cultura ocupou uma área maior na fazenda.
“Nós tivemos dois anos que foi plantado mais tarde e não deu tão bom, mas esse ano estamos plantando dentro de uma janela. Está sendo uma boa alternativa em termos de composição de renda para propriedade, um dinheiro que sempre ajuda. Tirando o milho, ele é o que está vindo em segundo lugar. A demanda é grande dele, é elevada, um mercado bastante aquecido para o gergelim aqui na região”, comenta Wilbert.
Gergelim é alternativa para área de milho
Ano a ano, o gergelim ganha espaço nos municípios do Vale do Araguaia, região nordeste de Mato Grosso. Canarana é destaque no cultivo, tanto que hoje é o maior produtor da semente no Brasil.
Nesta temporada, o gergelim deve ocupar 75 mil hectares em Canarana, 30% a mais que na safra passada.
“Primeiro houve uma concentração aqui no nosso município de Canarana e os outros municípios ao redor passaram a ver que fora da janela de milho existia uma opção que é o gergelim. A partir do momento em que se estabilizou uma quantidade de produção anual de gergelim, se ganhou o mercado internacional”, diz o presidente do Conselho Brasileiro de Feijão e Pulses (CBFP), Marcos da Rosa.
Conforme o presidente do Conselho, com o crescimento da produção do grão, empresas que exportam gergelim começaram a se estabelecer na região.
“Aqui em Canarana mesmo tem sete empresas boas, grandes, mais uns seis ou sete compradores independentes. Afinal, tem muito comprador. E isso estimulou o mercado internacional. E essa constância de produção faz com que tenha essa tranquilidade de que a exportação continue crescendo”.
Pesquisas ajudariam expansão do gergelim
Na avaliação do presidente do Conselho Brasileiro de Feijão e Pulses, mesmo havendo uma procura aquecida pelo gergelim, a falta de investimentos em pesquisas para o desenvolvimento de novas variedades trava uma expansão ainda maior da cultura, bem como de outras que possam ser alternativas para a segunda safra na região.
“As variedades são muito antigas. Nós precisamos de variedades que se perdem menos. Os grãos têm uma grande deiscência de vagens, ela abre e você perde muito na colheita. Não é por causa da colheita nem do equipamento de colheita, é a própria variedade. Então. tem que melhorar isso. Isso já melhoraria muito a produtividade. Tem que se buscar através da pesquisa, que o gergelim seja menos exigente do que já é em água, que aí você poderia estender um pouquinho mais a colheita”, salienta Marcos da Rosa.
Ainda de acordo com Marcos da Rosa, a pesquisa é fundamental para o setor produtivo.
“Em termos de pesquisa nessa busca por opção na segunda safra fora da janela do milho, nós precisamos de pesquisas, pesquisas e mais pesquisas, em diversas culturas, seja os pulses, pequenos grãos, seja o gergelim que não é um pulse, seja feijões, seja amendoim, que também tem um bom mercado no Brasil. Estamos na estaca zero e temos que trazer o incentivo ao pesquisador, e outra coisa, precisamos manter essas pessoas pesquisando pagando pela inteligência dela em melhorar as variedades seja lá o que for, para que nós evolua no Brasil, nós estamos na estaca zero neste momento”.
De acordo com o setor produtivo mato-grossense, a falta de pesquisas em alternativas de segunda safra é o que leva o milho a ser ainda mais vantajoso em termos de lucratividade de produção. Em Canarana, a área destinada para o milho nesta segunda safra 2022/23 deve saltar de 140 mil hectares para 170 mil hectares, como revela o presidente do Sindicato Rural, Alex Wisch.
“Devido a quebra dos outros estados, você vê Paraná, Rio Grande do Sul, Santa Catarina, estão com sérios problemas, a gente prevê que vai faltar milho no mercado. Então, o produtor não só de Canarana, mas de outras regiões onde o clima está um pouco melhor ele investiu no milho pensando nisso, que se não conseguiu produzir milho melhor no sul, vai sobrar para nós produzir para equilibrar melhor esse mercado”.
Wisch destaca ainda que a região do Vale do Araguaia ainda tem como impulsionador para o cultivo do milho os confinamentos localizados ao norte de Goiás e sul do Tocantins.
“Há uma concentração muito grande de confinamentos ali. A gente acredita que 60% da nossa safra de milho daqui, principalmente de Canarana, atravessa a fronteira e vai para o Goiás. Então, esse é o diferencial para nós que temos esse escoamento para o estado vizinho. Só tem que torcer para que a arroba do boi volte à um patamar melhor, porque se o preço da arroba tivesse melhor, a procura seria melhor e o plantio seria maior”.
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