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Café: para produtores de Minas Gerais, chuva não pode parar

Lavouras estão em recuperação após período seco, mas precisam receber mais água para que desenvolvimento dos grãos não seja afetado

Fonte: Fabiano Bastos/Arquivo Pessoal

A volta da chuva animou os produtores de café do sul de Minas Gerais. Mas, para que o cafezal se recupere do longo período seco e tenha uma boa produção, será preciso receber ainda mais água. Caso contrário, o desenvolvimento dos grãos pode ficar abaixo do esperado.

O plantio do produtor rural Urbano Lopes Neto, de Guaxupé, ficou sem ver uma gota d’água por cerca de 60 dias. No fim de setembro, entretanto, a lavoura recebeu 60 milímetros de chuva. E já fez surgir a primeira florada.

Lopes afirma que as precipitações nesta época são sempre bem-vindas. “Mas, para aquela lavoura que está desfolhada e que sentiu o stress hídrico, essa chuva não significa quase nada para a produção no ano que vem. Vai ajudar a planta a se recuperar e vegetar novamente, mas para a safra de 2019″, diz.

A sorte do produtor é que a colheita deste ano foi muito boa. Seus 160 mil pés de café renderam cerca de 3.000 sacas. Na próxima temporada, no entanto, Lopes acredita que não vai conseguir produzir nem 60% disso.

O cafeicultor acredita que será preciso manejar muito bem a lavoura, passando o ano com uma carga baixa nos pés. “Fazer ela ficar bonita novamente e esperar que os preços venham a nos ajudar neste momento em que estamos atravessando uma fase que quase não cobre custo de produção”.

Em todo sul mineiro, só se salvam os poucos cafezais que possuem sistema de irrigação. A maioria das lavouras está em processo de recuperação hídrica. De acordo com o coordenador de desenvolvimento da Cooperativa Regional de Cafeicultores em Guaxupé (Cooxupé), Eduardo Rene da Cruz, da florada até a colheita, ainda pode acontecer muita coisa. “Até o chumbinho virar fruto, vamos ter em torno de oito meses. Nesse período, nós dependemos muito do clima. Se faltar chuva a partir de agora, vamos ter problema de produção no próximo ano”, diz ele.

Pluviômetros instalados no sul de Minas Gerais para medir a quantidade de chuva que caiu na região indicam que a média do mês de setembro foi de 40 milímetros – mas o ideal seriam 70 milímetros. O problema vem se repetindo desde o início do ano, afetando a armazenagem de água no solo, que hoje está e, apenas 20%. 

Segundo o coordenador de geoprocessamento da Cooxupé, Eder Ribeiro do Santos, essa condição promove um stress acentuado na planta. “Ela passou por esse período de temperatura alta, o que faz com que se prepare para suportar a condição adversa”, diz.

Se encontra um índice de água no solo abaixo de 50%, o cafeeiro enfrenta dificuldades e não se desenvolve. Para haver uma boa safra, agora tudo vai depender do índice de enfolhamento. 

O coordenador de geoprocessamento afirma que haverá quebra na safra, mas ele não deverá ocorrer de forma uniforme em todo o sul mineiro. “Mas é importante que o produtor conheça as características da sua área, o solo onde se encontra, a altitude de sua propriedade, o índice de enfolhamento, para, a partir daí, tirar conclusões da sua própria propriedade. Hoje ainda é muito difícil falar o tamanho da quebra”, diz Santos.

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