Caminhoneiros querem diálogo direto com Ministério dos Transportes

Para contornar crise, deputados elaboram projeto de lei para impor tabelamento do freteO ministro dos Transportes, Antônio Carlos Rodrigues, anunciou nesta quarta, dia 28, a criação da Câmara Setorial do Transporte de Cargas. O objetivo é reabrir o diálogo entre o governo e os caminhoneiros. Os motoristas pedem a saída do ministro da Casa Civil, Miguel Rossetto, da articulação e defendem o diálogo direto com o Ministério dos Transportes.

Fonte: Valdir Martini/ Rondonópolis (MT)

Para atender à principal demanda dos caminhoneiros, os deputados da bancada ruralista estão elaborando um projeto de lei para tornar constitucional o tabelamento do frete. Além disso, segundo o deputado federal Jerônimo Goergen (PP-RS), um projeto será encaminhado ao Ministério da Fazenda para criar uma linha de crédito para capital de giro dos motoristas, com limite de R$ 50 mil por CPF. O dinheiro seria usado para garantir a manutenção dos caminhões.

Tabela defasada

Mais cedo, a SontraCargo, divulgou uma nota afirmando que tabela de preços proposta por caminhoneiros já entraria defasada com o mercado. A empresa, que desenvolve e administra um aplicativo de negociação de fretes para caminhoneiros autônomos, fez um levantamento mostrando que a diferença entre a tabela proposta e o preço já praticado entre transportadoras e empresas pode chegar a 24% para fretes de até 150 quilômetros, enquanto para fretes de até 500 quilômetros a diferença média é de 13%.

De acordo com a empresa, as informações foram extraídas a partir de uma amostragem inicial de 700 mil cargas de janeiro de 2014 a abril de 2015, que teve os preços mínimos e mais altos descontados, com amostragem final de 450 mil fretes. Todas as cargas foram publicadas na plataforma da SontraCargo e tiveram ao menos um contato entre caminhoneiro e embarcador.

Para o intervalo de 500 a 1200 quilômetros, os valores são praticamente iguais, com uma diferença média de apenas 0,5% e uma diferença máxima de 4%. Porém, quando analisada a faixa de 1200 a 4000 quilômetros, a variação é significativa, indo de 15% abaixo da tabela até 10% acima da tabela. Em média, os preços estão 3% abaixo da tabela. No total, a tabela de fretes proposta pelos caminhoneiros ao governo apresenta defasagem média de 9,7% ante os valores atuais de mercado.
Os motoristas pedem a correção de uma tabela de referência de fretes, que existe desde 2000, porém, não é cumprida e tem preços variando a R$ 0,13 a R$ 0,05 por tonelada/km. Atualmente, estima-se que o valor esteja, na verdade, entre R$ 0,15 e R$ 0,18.

Dívidas

Nesta quarta o Senado Federal aprovou a Medida Provisória 661, que prevê refinanciamento parcial das dívidas feitas por caminhoneiros para comprar caminhões. O texto, que também libera R$ 30 bilhões para o Banco Nacional do Desenvolvimento (BNDES) e abre a possibilidade de os trabalhadores aumentarem o limite de descontos autorizados em suas folhas de pagamento, vai agora à sanção presidencial.

Edição de Danilo Zecchin e Gisele Neuls