Para atender à principal demanda dos caminhoneiros, os deputados da bancada ruralista estão elaborando um projeto de lei para tornar constitucional o tabelamento do frete. Além disso, segundo o deputado federal Jerônimo Goergen (PP-RS), um projeto será encaminhado ao Ministério da Fazenda para criar uma linha de crédito para capital de giro dos motoristas, com limite de R$ 50 mil por CPF. O dinheiro seria usado para garantir a manutenção dos caminhões.
Tabela defasada
Mais cedo, a SontraCargo, divulgou uma nota afirmando que tabela de preços proposta por caminhoneiros já entraria defasada com o mercado. A empresa, que desenvolve e administra um aplicativo de negociação de fretes para caminhoneiros autônomos, fez um levantamento mostrando que a diferença entre a tabela proposta e o preço já praticado entre transportadoras e empresas pode chegar a 24% para fretes de até 150 quilômetros, enquanto para fretes de até 500 quilômetros a diferença média é de 13%.
De acordo com a empresa, as informações foram extraídas a partir de uma amostragem inicial de 700 mil cargas de janeiro de 2014 a abril de 2015, que teve os preços mínimos e mais altos descontados, com amostragem final de 450 mil fretes. Todas as cargas foram publicadas na plataforma da SontraCargo e tiveram ao menos um contato entre caminhoneiro e embarcador.
Para o intervalo de 500 a 1200 quilômetros, os valores são praticamente iguais, com uma diferença média de apenas 0,5% e uma diferença máxima de 4%. Porém, quando analisada a faixa de 1200 a 4000 quilômetros, a variação é significativa, indo de 15% abaixo da tabela até 10% acima da tabela. Em média, os preços estão 3% abaixo da tabela. No total, a tabela de fretes proposta pelos caminhoneiros ao governo apresenta defasagem média de 9,7% ante os valores atuais de mercado.
Os motoristas pedem a correção de uma tabela de referência de fretes, que existe desde 2000, porém, não é cumprida e tem preços variando a R$ 0,13 a R$ 0,05 por tonelada/km. Atualmente, estima-se que o valor esteja, na verdade, entre R$ 0,15 e R$ 0,18.
Dívidas
Nesta quarta o Senado Federal aprovou a Medida Provisória 661, que prevê refinanciamento parcial das dívidas feitas por caminhoneiros para comprar caminhões. O texto, que também libera R$ 30 bilhões para o Banco Nacional do Desenvolvimento (BNDES) e abre a possibilidade de os trabalhadores aumentarem o limite de descontos autorizados em suas folhas de pagamento, vai agora à sanção presidencial.
Edição de Danilo Zecchin e Gisele Neuls