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Mato Grosso

Cigarrinha do milho: só híbridos e defensivos não fazem milagre, é preciso manejo integrado

Tolerância genética é apenas um ponto de apoio para o controle da cigarrinha do milho, afirmam especialistas

A cigarrinha do milho a cada dia está mais presente nas lavouras de Mato Grosso e do país. A praga, que há cerca de cinco anos vem tirando o sono dos produtores, foi um dos temas do Fórum Técnico Mais Milho, realizado nesta quarta-feira (22) no Show Safra em Lucas do Rio Verde.

Especialistas do setor produtivo e da indústria destacaram que a praga sempre esteve presente nas lavouras de milho, contudo nos últimos anos ela vem se intensificando.

“É uma praga que tem preocupado muito hoje o produtor. Mas, infelizmente, eu acho que muita gente ainda não se atentou e não tomou ciência da importância dessa praga, o quão difícil é o manejo e todas as estratégias importantes para que ela seja controlada”, pontuou Glauber Silveira, diretor-executivo da Associação Brasileira dos Produtores de Milho (Abramilho) e mediador do debate.

O Fórum Técnico Mais Milho faz parte da programação do projeto Mais Milho realizado pelo Canal Rural, em parceria com a Abramilho e a Associação dos Produtores de Soja e Milho de Mato Grosso (Aprosoja-MT).

“É uma praga migratória de difícil controle, porque mesmo quando você faz a aplicação do defensivo, a reinfestação é muito rápida. Acaba elevando os custos. Hoje, temos os biológicos que tem sido um grande aliado, que ajuda sem dúvida nenhuma nessa pressão, porém você fica muito dependente do clima”, disse Lucas Beber, produtor rural e vice-presidente da Aprosoja-MT.

Milho safra impacta na safrinha

Lucas Beber destacou durante o painel que em Mato Grosso na safra 2022/23 em relação ao milho safra foram semeados cerca de 60 mil hectares. Ele salientou que a produção do cereal em primeira safra pode trazer impactos para a segunda safra, uma vez que é fonte de alimento e hospedagem para a cigarrinha.

Segundo o engenheiro agrônomo e pesquisador da Bayer, Paulo Garollo, a realização de uma primeira safra do milho pode trazer impactos sim para a segunda safra, independente do tamanho que seja a área.

Fórum Mais Milho Show Safra
Foto: Luiz Patroni/Canal Rural Mato Grosso

“É uma coisa que precisa realmente ser muito bem pensada. Agora, o que a gente não pode, também, é admitir que uma praga inviabilize uma cultura, principalmente, quando a gente vê que o Mato Grosso é como se fosse um país à parte”.

Mato Grosso nos últimos anos, destacou Garollo, vem desenvolvendo tecnologias junto com a indústria de etanol à base de milho que vem valorizando o grão. “O consumo está aqui dentro e nós temos que arrumar um jeito de equilibrar tudo isso”.

Manejo integrado é a solução

Ainda conforme Garollo, é preciso desenvolver melhor as tecnologias para um manejo mais efetivo da praga.

“Enquanto a comunidade científica não sentar, não parar e não admitir que certas coisas estão sendo feitas e que não se aplicam na prática, nós não vamos resolver o problema. Não é o produto que vai fazer acontecer”.

Foto: Abramilho

O manejo para o controle da cigarrinha, afirma Fábio Pittelkow, diretor técnico da Fundação Rio Verde, organizadora do Show Safra, começa antes mesmo da compra das sementes.

“Começa no manejo da tiguera. É uma ferramenta que muitas vezes a gente subjuga, não faz bem feito. Não faz o dever de casa. Então, o planejamento é bem antecipado. A escolha do híbrido é um fator importante também”, salientou Pittelkow durante o painel.

O especialista da Fundação Rio Verde salienta ainda que para o controle da praga há na verdade uma série de fatores técnicos e decisões que podem ser tomadas que ajudam na convivência com o problema.

“É toda uma construção de manejo. É um trabalho que deve ser conjunto entre todos os produtores rurais”, diz ao recordar a pressão sofrida com percevejos na região da BR-163 em Mato Grosso em anos anteriores.

De acordo com Vinicius Peres, especialista de pragas da Ihara, o monitoramento da cigarrinha é muito importante desde o nascimento do milho. “Para que nós possamos ter sucesso no controle desse inseto, que cada dia mais nos dá dor de cabeça, tem que ter esse manejo integrado. Nenhum defensivo vai fazer milagre. Não podemos baixar a guarda de maneira nenhuma”.

Foto: Sistema Faep

Melhoramento genético trabalha em três pilares

Paulo Roberto da Silva, gerente de Pesquisa Agronômica para Cerrado Corteva, frisa que a indústria não tem deixado de medir esforços para auxiliar os produtores com genéticas mais resistentes.

“O melhoramento trabalha em três pilares. O primeiro é a produtividade, o segundo a precocidade e o terceiro são as doenças, e agora mais importante o enfezamento”, pontuou Paulo Roberto.

Contudo, de acordo com ele, tais caminhos estão andando em direções opostas, no qual se têm materiais mais produtivos e precoces que são menos tolerantes à cigarrinha do milho. “Esse é o desafio da cigarrinha”.

Foto: Canal Rural Mato Grosso

Sobre a demora de cultivares mais tolerantes, o especialista da Corteva, explica que todo melhoramento genético que tem sido realizado no Brasil e nos Estados Unidos “nunca foi melhorado para tolerância ao enfezamento”.

“Sempre se conviveu com essa praga. O melhoramento genético está aí há mais de 150 anos e esse problema é cinco anos que realmente se intensificou. Vai demorar um pouco mais. As empresas estão buscando”.

Paulo Roberto pontua ainda que é preciso pensar o problema da cigarrinha do milho como sistema de produção. “Nós precisamos pensar em manejar a cigarrinha no milho verão um manejo mais tardio, por exemplo. Que não deixa aumentar a população para o milho safrinha. Precisamos pensar em culturas alternativas de sistema”.

 

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