A cigarrinha já afeta 40% das lavouras de milho em Cristalina (GO). Para piorar a situação, o inseticida utilizado pelos agricultores locais está perdendo a eficiência no combate à praga. A solução para o problema pode estar na implantação do vazio sanitário para o cereal, acreditam especialistas.
O produtor Fábio Gasparin afirma nunca ter enfrentado uma infestação tão alta de cigarrinhas em plantios do município goiano. Em sua propriedade, ele já fez mais de dez aplicações contra o inseto, sem alcançar bons resultados. Gasparin acredita que, de 265 hectares cultivados, deve ter perda total em 115 hectares.
Ele afirma que já havia percebido a gravidade da infestação durante o plantio. No campo de sementes, foi preciso fazer aplicações a cada três dias, mas a praga voltava a aparecer. “Como a gente está aprendendo com cigarrinha agora, não sabe qual é o material que resiste mais”, diz Gasparin.
Ao sugar a planta, a cigarrinha deposita um vírus que afeta o desenvolvimento do milho, deixando as folhas amareladas e prejudicando o enchimento das espigas. “Tem plantas em que (a espiga) nem chega a se desenvolver. A gente tem observado híbridos tolerantes, mas ainda não encontrei nenhum material resistente”, afirma o engenheiro agrônomo Leandro Prado.
O custo de produção do milho em área irrigada em Cristalina gira em torno de R$ 4 mil por hectare. Com as aplicações extras de defensivo para o controle da cigarrinha, entretanto, o valor sobe para R$ 4,5 mil. No caso de Fábio Gasparin, isso representa um custo adicional de R$ 130 mil.
De acordo com Prado, a praga já estava presente em Goiás em outras safras, mas nunca com tanta intensidade. Como ainda não há no mercado sementes com resistência ao inseto, a solução pode ser o vazio sanitário do milho no estado.
O agrônomo afirma que essa seria uma forma de minimizar a incidência da cigarrinha na lavoura. Ele lembra que a praga tem vários hospedeiros, como crotalárias, milho de entressafra, milho semente. “As próprias gramíneas acabam sendo hospedeiras, por isso o controle é tão difícil”, diz.