Engenheiro agrônomo e especialista na cultura do milho da Bayer, Paulo Roberto Garollo conta que viu uma cigarrinha do milho pela primeira vez em 1995. Foi em uma plantação no interior de Goiás, estado onde vive até hoje. Como se especializou na cultura do cereal, o estudo sobre a cigarrinha se tornou obrigatório.
Cigarrinha é vetor para enfezamento do milho
O inseto é conhecido e temido por ser vetor de agentes que provocam o enfezamento do milho. Folhas pálidas ou avermelhadas são os principais sintomas e, entre as consequências, a redução no porte das plantas e a deficiência na formação da espiga e dos grãos.
Todavia, de alguns anos para cá, o aumento da população da cigarrinha em si, mesmo que não esteja infectada com os agentes causadores do enfezamento, tem causado preocupação e prejuízos.
“Provavelmente você deve ter visto folhas pretas, porque ela se alimenta entre as últimas folhas do terço superior e, principalmente, no terço médio que é onde ela concentra a oviposição. Aí eu tenho a produção ‘melada’, que vem do excesso de açúcar que a cigarrinha excreta, caindo nas folhas. E ele se torna fonte de alimento de um fungo, se expandindo em forma de colônia, tomando conta da folha. É assim que se forma a fumagina na folha e na própria palha”, conta o especialista.
Temperatura ideal para desenvolvimento da praga
Garollo comenta que, principalmente no Brasil central, a temperatura entre 27 ºC e 30 ºC contribui significativamente para o desenvolvimento da cigarrinha. A faixa é ideal para todas as fases da vida do inseto. Com o aumento da área de lavoura de milho, o crescimento da população é exponencial.
Entre os produtores, existe uma grande preocupação com relação à eficiência dos produtos utilizados no combate à cigarrinha. Mas, para o especialista, mais importante do que o produto é a estratégia adotada.
“Qual o produto que eu tenho que usar e para qual momento? Qual seria o melhor produto? Todos os produtos que estão lá, para serem registrados, passaram por pesquisas que comprovam pelo menos 80% de eficiência. E os melhores produtos dificilmente chegarão a 90% no campo. Essa diferença é muito pouca significativa. Então o que devemos fazer? Melhorar a estratégia: qual ‘arma’ eu uso para este momento e qual eu uso para aquele momento? Isso fará toda a diferença”, afirma.
Campanha de manejo eficiente
Garollo ainda sugere que seja lançada uma campanha “para o agricultor fazer de forma correta o manejo da cigarrinha”. Ele argumenta que o agricultor que não faz o controle corretamente, não acredita ou não está sendo bem orientado, acaba sendo um “doador” para aquele que faz.
“Toda hora está chegando inseto de algum lugar. Desse modo, a sensação de quem está fazendo corretamente é que não há controle algum, que nada mata a cigarrinha. O primeiro passo, então, é que nós teríamos que conscientizar todos os agricultores nas regiões onde ocorre a pressão da praga, para que todos fizessem de maneira mais adequada e consistente o manejo da cigarrinha”, conclui.
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