Mato Grosso deu a largada na colheita do milho segunda safra 2022/23 na última semana. A expectativa é que sejam colhidas cerca de 47 milhões de toneladas de cereal, um novo recorde para o estado. Contudo, a queda no preço da saca de 60 quilos vem tirando o sono dos agricultores.
Os produtores mato-grossenses colheram na primeira semana de trabalhos 0,16% dos 7,42 milhões de hectares semeados nesta temporada. Segundo o Instituto Mato-grossense de Economia Agropecuária (Imea), todas as regiões produtivas iniciaram os trabalhos.
A região médio-norte é a mais avançada com 0,25% da área colhida. Em Lucas do Rio Verde o produtor Ademir Fischer acompanha de perto a retirada do milho das primeiras áreas prontas dos 3.150 hectares, que começaram a ser cultivados em janeiro.
De acordo com o agricultor, o excesso de chuvas durante o ciclo da cultura acabou prejudicando o desempenho da plantação, o que leva a expectativa na propriedade de produzir um pouco menos que na última safra.
“O ano passado a gente fez um total, nessa mesma área, umas 450 mil sacas e esse ano eu acho que vamos fazer uns 400. Vamos perdes 50 a 60 mil sacas. Deu bastante água superficial. Estou há 40 anos em Mato Grosso, tem um talhão de 300 hectares, tudo terra alta, onde a água corria para um lugar e para outro. Então, foi uma coisa surpreendente perder por excesso de chuvas”, comenta Ademir Fischer.
Desvalorização do milho preocupa em Mato Grosso
Diante de uma safra recorde, uma das preocupações dos produtores é quanto a desvalorização do milho. O que causa insegurança quanto à venda da metade da produção que o agricultor Ademir Fischer espera colher.
“O setor está apreensivo, porque foi uma queda repentina e perdemos muito. Se nós vendíamos R$ 70, R$ 65, R$ 75, hoje estamos vendendo a R$ 35. Nós agricultores não podemos correr mais risco. Tudo é complicado neste momento atual do Brasil. O ponto de equilíbrio é o principal. De repente produzir menos e ganhar mais, que seria igual ou produzir muito e ganhar pouco pelo preço do nosso produto”, salienta Ademir.
Conforme o presidente do Sindicato Rural de Lucas do Rio Verde, Marcelo Lupatini, a preocupação com o preço do milho pago ao produtor rural é preocupante em todo o município.
“Desde a pandemia, o preço do milho foi subindo e os custos de produção foi subindo acompanhamento, porém o milho agora caiu mais de 50% do começo do ano até agora e os custos de produção alguns baixaram na mesma proporção de 50%, outros 15%, 20% e outros não baixaram”, frisa.
O presidente do Sindicato Rural comenta ainda que vender o milho a R$ 35 a saca de 60 quilos é prejuízo ao produtor rural e não se sabe a tal preço o mesmo conseguirá plantar outra safra.
Produtores avaliam safra 2023/24
Na propriedade do agricultor Valmor Demarco o milho da safra 2022/23 está quase pronto para ser colhido. Mesmo com os motores das colheitadeiras já sendo aquecidos, a produção na fazenda ainda não começou a ser vendida. Apreensivo com o momento, o agricultor afirma estar avaliando a próxima temporada.
“Nós estamos com 50% pagos para a próxima safra e o restante temos para 30 de agosto. Acho que vamos fazer cancelamento, porque se for plantar com o cenário desses preços não via mais a conta. Se foi investido R$ 80 na lavoura e esse preço de R$ 30, R$ 34 [a saca pago hoje] precisa de 150 sacas por hectare e não fecha a conta. Se negociar nesse preço aí não tira o investimento. É esperar passar esse problema dos preços para ver se melhora para nós começarmos a plantar de novo”.
Segundo o Sindicato Rural de Lucas do Rio Verde, a colheita no município ocorre de maneira pontual. A expectativa é de que os trabalhos comecem a ganhar ritmo nas próximas semanas, com índices de produtividade melhores que os alcançados até agora.
“As áreas colhidas representam menos de um por cento. Os produtores relataram ter a produção igual ao ano passado e algumas áreas estão produzindo até 20 sacas a menos. A gente imagina que Lucas vai colher um pouco mais que o ano passado na produção em média por hectare”, salienta Marcelo Lupatini.
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