A produtora rural Suzana Santos produz café especial nos 100 hectares de sua propriedade, em Muzambinho (MG). A colheita começou faz poucos dias, mas traz preocupação, já que apenas 23% dos grãos estão no ponto cereja para descascar.
Essa variedade tem valor agregado no mercado, chegando a valer até R$ 100 reais a mais por saca. “Temos um natural de excelente qualidade, excelente bebida, mas o mercado valoriza o CD descascado e com essa distribuição de maduro e verde, acredito que nós tenhamos muita dificuldade”, relatou.
O mercado de café especial tem maneiras diferenciadas de precificar o grão. O preço do lote depende da nota alcançada na avaliação, como explica a Diretora da Associação Brasileira de Cafés Especiais (BSCA), Vanusia Nogueira. “Os cafés acima de 85 pontos, são aqueles cafés cujos valores começam a não ter mais nenhum tipo de indexação junto ao mercado normal, a bolsa e tudo mais e que, normalmente, são vendidos desplugados, como a gente chama, dos valores normais da bolsa. Mas, mais uma vez, não sabemos como tudo isso vai funcionar esse ano, que é um ano muito peculiar e com muitos desafios para todos nós”, disse.
Outro desafio nesta safra é o atraso na comercialização. Muitos compradores preferem degustar a bebida antes de fechar negócio, tanto que clientes de vários países se deslocam até as fazendas para verificar de perto a produção, mas tudo foi cancelado por causa da pandemia.
Segundo a BSCA, o consumo desta categoria de café já registra uma queda de 76%. “É um mercado com o qual nós vamos ter que ter muita paciência e torcer para que haja uma recuperação bastante rápida, para que possamos recuperar esse mercado dentro de um curto espaço de tempo. Tenho certeza que vamos conseguir isso, mas, mais uma vez, paciência”, disse Vanusia.