Os ministérios da Defesa e do Meio Ambiente assinaram ontem, em Brasília, um contrato com o BNDES paracompra de dados sobre a Amazônia, produzidos por satélites que conseguem “ver” através das nuvens, no chamado projeto Amazônia SAR. Os recursos são provenientes do Fundo Amazônia (R$ 63,9 milhões) e da União (R$ 16,6 milhões) e valem para quatro anos. O montante servirá para comprar imagens de empresas particulares que operam esse tipo de satélite, enquanto se constrói uma antena, no Distrito Federal, para receber as informações em tempo real a partir de 2018.
A intenção é monitorar o que acontece na floresta no período chuvoso, que vai de outubro a abril. O foco é o chamado “arco do desmatamento”, faixa sul-central da Amazônia com derrubada intensa, e o Amapá, estado que registra altas taxas de cobertura de nuvens, mas outras regiões podem ser cobertas em caso de necessidade.
As imagens serão processadas pelo Censipam (Centro Gestor e Operacional do Sistema de Proteção da Amazônia) e, em seguida, serão repassadas para o Ibama e para o Inpe (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais), para ações de fiscalização e monitoramento de desmatamento.
Atualmente, os sistemas usados para esse fim (Prodes e Deter) não conseguem observar através das nuvens. Sabendo disso, a ação ilegal de desmatamento passou a ser feita também na época chuvosa – o que dificulta a coibição da prática, uma vez que o dano só era visto pelo satélite meses depois de produzido.
Para compensar essa restrição, o governo utilizava aviões R-99, da Força Aérea Brasileira, dotados de radar. “O ciclo de processamento de imagens, com aviões, era de 15 dias. Com esse novo sistema, ele cai para três dias”, explica o diretor-geral do Censipam, Rogério Guedes. “Além disso, depois que a antena estiver pronta, o custo anual de manutenção do sistema será de R$ 270 mil. Com os aviões ele era de R$ 8,5 milhões.”
A resolução das imagens é de 18 a 22 metros. Guedes afirma que o acervo estará disponível para a sociedade, mas em quanto tempo isso acontecerá ainda está em debate com Ibama e Inpe. O ministro interino do Meio Ambiente, Francisco Gaetani, afirma que esse projeto se destina exclusivamente para ações de comando e controle. Outro pacote de imagens deve ser adquirido pelo ministério para subsidiar a análise dos cadastros ambientais rurais presentes no sistema federal.