Mais Milho

Em uma década, produção de milho mais do que dobrou em Mato Grosso

Cultura, que já foi dependente de socorro do governo federal para ser comercializada, hoje é um dos carros-chefes da economia do estado

Um salto impressionante. Em apenas uma década, a produção de milho mais do que dobrou em Mato Grosso. Saiu de 18,4 milhões de toneladas, na safra 2011/12, para mais de 39,1 milhões na temporada atual. O avanço é reflexo direto do maior investimento dos agricultores na cultura.

No mesmo período, a área destinada às lavouras, que era de pouco menos de 3 milhões de hectares, pulou para quase 6,4 milhões.

E não deve parar por aí, segundo Guilherme Nolasco, presidente da União Nacional do Etanol de Milho (Unem). “Ainda se planta apenas 60% da área destinada à soja com milho. Então, nós temos uma capacidade enorme de crescimento de produção e de produtividade com sustentabilidade, sem que haja necessidade de avançar sobre novas áreas de produção”, diz.

Demanda crescente por milho

O apetite crescente das indústrias de etanol garantiu incremento robusto na demanda pelo cereal dentro do estado. A expectativa é de que, este ano, cerca de 12 milhões de toneladas do grão sejam consumidas em Mato Grosso. Pelo menos 3 milhões vão atender outros estados e quase 24 milhões de toneladas devem ser exportadas.

“O milho sai de uma posição de coadjuvante, de rotação de cultura da soja, para uma cultura que criou vida depois da indústria de etanol no estado”, completa Nolasco.

VBP do milho

Assim como os números no campo, o Valor Bruto de Produção (VBP) do milho cresce a cada safra. Neste ano, o salto previsto é de 10%, ultrapassando a marca de R$ 47 bilhões. O montante representa 25% do VBP da agricultura em Mato Grosso.

“Hoje o milho caminha praticamente em paralelo com a soja em questão de importância. O volume de produção quase supera o da soja. Embora o valor agregado seja um pouco menor, é o que viabiliza a continuidade da implantação das novas tecnologias no campo, na medida em que você tem renda o ano todo”, avalia Fernando Cadore, presidente da Associação dos Produtores de Soja e Milho de Mato Grosso (Aprosoja-MT).

Oportunidades

O investimento em tecnologias também gera oportunidades. Marcos Luís Lauxen é presidente da Vence Tudo, uma indústria gaúcha que há 58 anos começou a fabricar plantadeiras com foco na agricultura familiar. Ele conta que há pouco mais de duas décadas percebeu o futuro promissor do milho no país. A partir de então, o grupo direcionou mais atenção para atender às necessidades da cultura em todas as regiões.

“É surpreendente o quanto aumentou e está aumentando a produção de milho no nosso Brasil. A gente respeita muito todos os produtos, mas a gente tem um apreço muito especial pelo milho porque há 22 anos produzíamos milho em poucos meses do ano. Com essas novas fronteiras agrícolas, nós praticamente produzimos milho o ano todo”, diz.