Os contratos futuros da soja negociados na Bolsa de Mercadorias de Chicago (CBOT) atingiram nesta semana os menores níveis desde dezembro de 2008. O agravamento da tensão comercial entre China e Estados Unidos colocou em risco a obtenção de um acordo entre as duas principais economias do mundo e reforçou a desconfiança do mercado sobre a já combalida demanda pela soja americana por parte do país asiático.
Na semana, o mercado acumulou queda de mais de 4%. A posição julho, a mais negociada, encerrou a sessão desta sexta com baixa de 3,50 centavos de dólar por libra-peso ou 0,43%, a US$ 8,09 1/4 por bushel. A posição agosto teve cotação de US$ 8,15 3/4 por bushel, com perda de 3,75 centavos de dólar por libra-peso ou 0,45%.
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O relatório de maio do Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA) também não ajudou para uma possível reação, indicando estoques americanos e mundiais acima do especulado pelo mercado.
Os Estados Unidos intensificaram a guerra tarifária com a China nesta sexta-feira ao elevar as taxas para 25% sobre 200 bilhões de dólares em produtos chineses no meio de negociações para resgatar um acordo comercial.
Esse contexto contribuiu para reforçar o cenário baixista de oferta e demanda mundial. Do lado da disponibilidade, a safra sul-americana se consolida cheia. Em termos de demanda, a procura pelo produto dos Estados Unidos diminuiu e a China, principal comprador mundial, volta seu interesse para o Brasil e a Argentina.
Diante desse quadro, o mercado brasileiro de soja teve uma semana diferente. Apesar da queda de Chicago, o dólar subiu e os prêmios de exportação obtiveram forte valorização, compensando a queda dos contratos futuros e prevendo uma presença mais constante da China na ponta compradora. Os preços não caíram tanto no Brasil e até houve uma melhora na movimentação na primeira metade da semana.
Conab
A produção brasileira de soja em 2018/19 deverá ficar 114,313 milhões de toneladas, segundo o oitavo levantamento para a safra brasileira de grãos da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab). A previsão representa um recuo de 4,2% sobre a temporada anterior, quando foram colhidas 119,281 milhões de toneladas. No relatório de abril, a produção estava estimada em 113,823 milhões de toneladas.
A Conab indica uma área plantada de 35,802 milhões de hectares, com um aumento de 1,9% sobre o ano anterior, quando foram semeados 35,149 milhões de hectares. A Conab trabalha com uma produtividade média nacional de 3.193 quilos por hectare, com recuo de 5,9% sobre o ano anterior.
O principal estado produtor do país, o Mato Grosso, deve colher 32,134 milhões de toneladas, com queda de 0,5% sobre o ano anterior. O Paraná tem safra estimada 16,252 milhões de toneladas, 15,2% abaixo do ano anterior. Os gaúchos deverão produzir 19,187 milhões de toneladas, com elevação de 11,9%.