O plantio do milho segunda safra em Mato Grosso já começou. Os agricultores estão otimistas, já que o clima e a janela de plantio são considerados ideais. Apesar de a expectativa ser de colheita recorde, os produtores iniciam o ciclo preocupados com a remuneração.
Leandro Franz, gerente técnico de uma propriedade em Lucas do Rio Verde, acredita que, no máximo, até 26 de fevereiro estará com toda a área de 3,6 mil hectares plantada. O total é 30% maior do que o do ano passado, aumento estimulado pelo clima e pela janela de plantio.
Ele afirma que a propriedade antecipou o plantio de soja na safra passada, o que permitiu também adiantar a semeadura do milho. Com chuvas constantes, Franz acredita que será possível alcançar rendimento de 130 a 140 sacas por hectare.
Na propriedade de Valcir Batista Gheno, no município de Ipiranga do Norte, colheitadeiras e plantadeiras trabalham simultaneamente. Atrás de uma máquina colhe a soja vai outra plantando o milho. “Com isso, lá na frente vamos terminar em uma janela mais curta no milho, dentro de um período bom de plantio”, diz. O cereal será plantado em 2 mil hectares, 10% a mais que na temporada anterior.
Gheno, porém, está preocupado com a remuneração, já que alta tecnologia aplicada na cultura tem também custos elevados. “Nosso custo ultrapassa seis sacos por hectare. Considerando que na safra nós vamos vender milho a R$16-R$18 e (a produtividade) fica em torno de 110 sacos por hectare, a conta não vai fechar”, afirma.
A expectativa é que a produção dessa temporada no estado ultrapasse 25 milhões de toneladas, em uma área de 4,4 milhões de hectares. De acordo com o Instituto Mato-grossense de Economia Agropecuária (Imea), se esses dados se confirmarem, será a maior colheita de milho da história em Mato Grosso. A previsão de safra cheia, no entanto, pode trazer reflexos negativos para os preços do cereal.
O presidente da Associação dos Produtores de Soja e Milho do estado (Aprosoja-MT), Endrigo Dalcin, lembra que o excesso de produção deprime os preços. Além disso, ainda há uma deficiência logística no estado causando mais um impacto no preço final ao produtor, diz.