A interiorização da Covid-19 tem preocupado os produtores rurais no Brasil. Neste momento, com a colheita do milho segunda safra ganhando ritmo no país, as atenções estão voltadas aos campos e os cuidados têm sido redobrados para evitar a disseminação do novo coronavírus. O assunto, de extrema importância, também foi destaque na live do Projeto Mais Milho, na noite desta quinta-feira, 25.
E, além do milho, a preocupação é que a pandemia também afete o plantio da próxima safra de soja, da temporada 2020/2021, no maior estado produtor do grão, Mato Grosso. Segundo estudo da Universidade Federal do estado (UFMT), até setembro Mato Grosso deverá registrar mais 300 mil pessoas infectadas pela Covid-19. A projeção foi realizada por meio de modelos matemáticos que consideram a proporção de infectados e o número de casos acumulados, e considerando que não haja alteração referente às medidas de controle.
Para tentar conter a doença, alguns municípios já decretaram lockdown no estado, como Confresa e Cáceres. Já na capital mato-grossense, o prefeito, Emanuel Pinheiro, anunciou quarentena obrigatória a partir desta quinta-feira, 25, até o dia 9 de julho por conta do novo coronavírus. Durante esse período, apenas os serviços públicos e as atividades econômicas indicadas como essenciais para a população irão funcionar.
“Em relação a essa questão da pandemia, eu faço uma analogia com o aparecimento da ferrugem asiática. Quando surgiu essa doença no campo, ninguém estava preparado e causou muitos prejuízos. No segundo ano, muitos subestimaram a ferrugem e acabaram saindo da atividade. Acho que é uma questão de ter consciência e tomar os devidos cuidados”, destacou o produtor Lucas Costa Beber.
Ainda durante a transmissão ao vivo comandada pelo vice-presidente da Associação Brasileira dos Produtores de Milho (Abramilho), Glauber Silveira, a produtora e agrônoma Nádia Costa Beber, de Nova Mutum, reforçou a importância dos cuidados com a higiene. “O campo não parou durante esse período. Porém, é preciso que os cuidados sejam redobrados, com uso de máscaras e álcool gel. Estamos tentando fazer o melhor dentro da propriedade pela segurança de todos”, disse.
Essa preocupação não está restrita ao campo. As grandes empresas ligadas ao agronegócio também mudaram suas rotinas para preservar colaboradores e garantir o suporte aos produtores rurais. “Diminuímos o fluxo de pessoas dentro da empresa, priorizando a parte industrial. Sabíamos que, no segundo semestre, quando se inicia o plantio da safra de verão precisaríamos estar com os produtos prontos, por isso, antecipamos as importações, as compras, para que tudo chegasse no momento adequado ao agricultor”, explicou o gerente regional de marketing da Ihara, Thiago Pereira Rezende.