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Mais Milho

Fórum Mais Milho discute aumento dos custos de produção em Santa Catarina

Produção, mercado, logística e sanidade na cultura do cereal foram tema do encontro; em vídeo ministra Tereza Cristina prometeu linhas de incentivos no próximo Plano Safra para ampliar área e produção do cereal

O primeiro fórum Mais Milho da quinta temporada do projeto, realizado nesta terça-feira, 16, abordou temas como produção, mercado, logística e sanidade na cultura de milho em cerca de três horas de apresentação. O encontro seria presencial em Chapecó, no oeste de Santa Catarina. Mas, por conta da pandemia de Covid-19, o evento foi realizado de forma remota, com a apresentação dos estúdios do Canal Rural em São Paulo.

O fórum destacou a importância de Santa Catarina no cenário do agronegócio brasileiro. Apesar de ser um dos menores estados do país em área, é o quinto maior produtor de alimentos, especialmente na cadeia de proteína animal. O governador Carlos Moisés da Silva destacou que o agro representa 31% do PIB do estado.

“O que é importante para as pessoas é importante também para o governo. São mais de 700 mil catarinenses envolvidos, tirando seu sustento do agronegócio. São ações como essas que o governo precisa desenvolver para desburocratizar, facilitar a vida de quem planta, de quem colhe”, disse o governador.

A ministra da Agricultura, Tereza Cristina, enviou um vídeo prometendo apoio financeiro às próximas safras do cereal. “Neste próximo Plano Safra, com certeza teremos linhas de incentivos ao maior plantio de milho em área e em volume para que possamos atender também à nossa produção interna e às exportações.”

O gerente-executivo do Sindicarne, Jorge Lima, destacou a importância de encontros como o fórum Mais Milho para discutir soluções em torno da produção do cereal. Segundo ele, será preciso importar neste ano mais do que as 4 milhões de toneladas habituais de milho, em função de quebra da safra no estado, onde a produção deve cair de 3 milhões para 2,3 milhões de toneladas. “[Teremos que] Acrescentar a elas 700 mil toneladas, então esse é um grande desafio

O presidente da Associação Catarinense de Avicultura (Acav), José Antônio Ribas, falou sobre a necessidade de aumentar a produção de milho no estado e o impacto que a falta de grão causa na cadeia de produção de aves. Ele afirma que no último trimestre de 2020 falava-se em um crescimento de até 5% na disponibilidade de proteínas animais. “Hoje, dados que estamos observando [indicam que] talvez seja um ano de ‘zero a zero’ em termos de crescimento”, lamenta.

Outro gargalo do estado é a logística para escoamento da safra e da produção das agroindústrias. Na opinião do presidente da Fecoagro, Cláudio Post, as rodovias federais que cortam o território catarinense estão superadas, pois não dão conta do fluxo de veículos de transporte e necessitam de manutenção.

Já o presidente da Faesc, José Zeferino, afirmou que o estado vem perdendo espaço na produção de proteína animal para o Paraná e o Rio Grande do Sul. “Quero fazer um apelo às demais agroindústrias que invistam em Santa Catarina, aproveitem esta mão de obra especializada e vamos buscar o milho onde for possível”, disse.

A importância de oferecer condições aos produtores de milho e o incentivo a culturas de inverno esteve no discurso do presidente da Ocesc, Luiz Vicente Suzin. Ele acredita que o produtor necessita de segurança para investir no plantio desses cereais, ou migra para a soja. “O que vai piorar ainda mais a situação de falta de milho que temos em Santa Catarina”.

Culturas de inverno

O fórum foi dividido em três painéis: sanidade do milho; Rota do Milho e logística; e culturas de inverno, que seriam uma alternativa para diminuir a dependência de grãos na cadeia de proteína animal.

“Nós não temos outra saída, nós precisamos deixar de nos conformar em termos terras vazias e passar a produzir cerais de inverno no Sul do Brasil”, afirmou o diretor-executivo de Commodities da Seara, Arene Trevisan. O mesmo raciocínio é feito por Osvaldo Vasconcellos Vieira, da Embrapa Trigo, que classifica o inverno como uma nova fronteira agrícola. “A gente só cultiva 2,5 milhões de hectares de inverno numa área de 14 milhões de hectares”, comparou.

Dirceu Talamini, da Embrapa Concórdia, acredita que seja necessário criar uma cadeia específica de cereais de inverno para alimentação animal. “Tem que haver um trigo com cultivares direcionadas para ração”, disse.

“Nós temos respostas com produção de cultivares acima de 4 mil quilos por hectares, então estamos falando de uma cultura que ela vai trazer lucro, vai trazer rentabilidade para o produtor rural”, complementa o supervisor de pesquisa da Epagri, Sydney Kavalco.

Já o secretário-adjunto da Secretaria de Agricultura de Santa Catarina, Ricardo Miotto, informa que encontrar essas alternativas é a “bandeira número 1” da pasta. “O cereal de inverno é uma delas, e a gente vai caminhar para avançar em alternativas como outros materiais para fazer silagem, ou forrageira. Nosso time de pesquisa da Epagri tem uma boa dor de cabeça com outros setores para a gente avançar nessa solução”, disse.

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