Paste this at the end of the

tag in your AMP page, but only if missing and only once.

Mais Milho

Agricultores de Mato Grosso ameaçam parar de plantar milho

Setor produtivo está revoltado com o retorno da cobrança do Fundo de Transporte e Habitação (Fethab); imposto por tonelada será de aproximadamente R$ 8,33

espiga de milho
Foto: Pixabay

Existe uma campanha para que o agricultor mato-grossense não plante milho em 2020, caso o governo estadual não desista da cobrança do Fundo de Transporte e Habitação (Fethab). A iniciativa é encabeçada pelo presidente da Associação dos Produtores de Soja e Milho do Estado de Mato Grosso (Aprosoja-MT), Antônio Galvan.

A partir de fevereiro, para cada tonelada de milho vendida para fora do estado, o agricultor terá que pagar cerca de R$ 8,33. O imposto está tirando o sono de produtores, que veem as margens de lucro apertarem cada vez mais. “O custo de produção do milho por hectare é de 90 sacas. Hoje, quando se colhe bem, conseguimos entre 100 e 120 sacas por hectare. Mas, muitas vezes, não dá essa média na área inteira. Uma parte da lavoura te dá lucro e outra pode chegar a dar prejuízo”, conta o produtor Giovani Fritz, de Jaciara (MT).

Fritz reclama que o governo nunca atua a favor do agricultor e, agora, taxa o milho segunda safra, considerada cultura de risco. “Pelo menos 50% das áreas terão que ser abandonadas, porque você planta nas melhores”, diz. Ele diminuiu a área plantada em 15% — nesta temporada, o cereal ocupará 3.000 mil hectares.

Revoltado, o presidente do Sindicato Rural de Jaciara, Rogerio Berwanger, diz que o governo está colocando todo o peso sobre um único setor. “Querem sacrificar um setor porque é mais fácil, porque tem menos mobilização”, afirma. De acordo com o dirigente, o sindicato não vê o Fethab com bons olhos nem no curto e nem no longo prazo.

Berwanger recomenda que o produtor repense o que vai plantar. “De repente, deixar umas áreas em pousio, fazer uma reestruturação de solo. Pensar de novo para não aumentar muito a área e ficar sem remuneração”, sugere.

Galvan provoca: “Para que plantar milho? Se deixarmos o solo preparado para a soja, fizermos a quinta palhada, uma rotação de cultura melhor, vamos produzir mais soja no outro ano. Quero saber para que o produtor precisa plantar milho?”, indaga.

Efeito em cadeia

A possibilidade de redução drástica da área de milho em Mato Grosso deixa em alerta quem depende do grão no mercado interno, como a cadeia da suinocultura.

De acordo com o diretor executivo da Associação dos Criadores de Suínos de Mato Grosso (Acrimat), Custódio Rodrigues, os reflexos da nova taxação sobre o cereal traz consequências preocupantes para o setor, que demanda aproximadamente um milhão de sacas ou 70 mil toneladas por ano.

“Os custos de produção gira em torno de R$ 2,90 a R$ 3,05, e estamos vendendo suíno a R$ 2,90 a R$ 3, praticamente empatando. Em um passado muito próximo, vendíamos suíno a R$ 2,60 ou R$ 2,55, muito aquém do gasto”, explica Rodrigues.

O diretor da Acrimat explica que o setor está longe dos centros para levar a carne e também das produções de milho fora do estado. “Se tivermos que buscar milho na Argentina, no Paraguai ou nos próprios estados do Sul, o frete não compensa. A chance de suinocultores deixarem a atividade é bastante grande”, afirma.

Sobre a cobrança do Fethab no milho, Rodrigues diz que é um erro do governo. “Foi um tiro no pé. Isso vai ter um impacto grande não só na suinocultura, como também na avicultura, bovinocultura e outras atividades que geram industrialização de produtos, o que vai impactar a própria população”, alerta.

Sair da versão mobile