A tensão entre Estados Unidos e China aumentou em maio, com a troca de ameaças e taxas entre os dois países, o que resultado em uma melhora consistente na comercialização de soja no mercado brasileiro. Nas últimas duas semanas, duas milhões de toneladas foram comercializadas, segundo a Safras & Mercado.
Em um primeiro momento, as preocupações com o arrefecimento da demanda chinesa pelo produto americano colocaram os contratos futuros em Chicago no menor nível em mais de uma década. “Mas os prêmios de exportação começaram uma escalada nos portos brasileiros e, juntamente com a alta do dólar, contribuíram para a melhora no ritmo dos negócios”, dizem analistas da consultoria.
Após bater em níveis abaixo de US$ 8 na posição julho, fatores técnicos e o atraso no plantio dos Estados Unidos deflagraram uma recuperação. A posição acumulou valorização de 3,77% até quinta, dia 16, passando para US$ 8,39 por bushel.
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Com o dólar subindo 2,36% no período e superando a casa de R$ 4 e os prêmios de exportação para junho/julho rompendo os 100 pontos acima de Chicago, o volume negociado no Brasil se intensificou e os preços melhoraram nas principais praças do país.
Como o mercado de soja vai se comportar na próxima semana?
Acompanhe abaixo os fatos que devem merecer atenção do produtor na próxima semana. As dicas são do analista Luiz Fernando Roque:
Os novos capítulos da guerra comercial entre Estados Unidos e China permanecem no centro das atenções. Uma nova rodada de reuniões entre os representantes de ambos os governos ainda não foi marcada, o que mantém o mercado bastante pessimista. A falta de acordo e o retrocesso nas negociações continuam como o principal fator de pressão negativa sobre os contratos futuros na Bolsa de Chicago.
Os trabalhos de plantio da nova safra norte-americana continuam evoluindo em ritmo muito lento. O excesso de umidade na maior parte dos estados produtores impede um melhor avanço das máquinas. Se o clima continuar atrapalhando, é possível que a área destinada à soja não seja semeada por completo, o que irá reduzir o potencial produtivo dos EUA. As previsões continuam apontando para uma umidade acima da média no Meio-Oeste nos próximos 14 dias. A janela para o plantio de soja se encerra no dia 15 de junho. Este fator deve continuar trazendo algum suporte para os contratos futuros.
No mercado interno, a forte elevação dos prêmios de exportação chamam a atenção. O mercado já precifica o provável aumento da demanda chinesa pela soja brasileira com a manutenção da guerra comercial. Tal fato, aliado à um câmbio em elevação, traz preços mais altos para o mercado doméstico. A briga entre exportação e demanda interna promete se acirrar nas próximas semanas.