Excesso de chuvas e atrasos nas entregas das sementes em algumas regiões. Essas têm sido as principais reclamações e preocupações dos produtores de Mato Grosso no plantio de milho segunda safra deste ano. Mas, mesmo com as dificuldades, o ritmo de plantio segue acelerado no campo, superando os percentuais do mesmo período da semeadura passada, além de ultrapassar em quase 10% a média dos últimos cinco anos.
O produtor João Paulo Kummel Anção acaba de receber as sementes que vai cultivar na segunda safra de milho. O grão vai ocupar uma área de 4.200 hectares na propriedade – cerca de 30% a mais do que em 2016. Mas o agricultor está preocupado e indignado com a empresa fornecedora do insumo. O motivo foi o atraso na entrega das sementes que, segundo ele, vai comprometer a safrinha.
“O planejamento começa no início do ano. Em abril e maio nós fazemos os contratos de compra, logo em seguida isso já é pago e criamos uma expectativa e um alinhamento com a empresa para a entrega. Algumas não cumprem, e o principal prejudicado agora sou eu. Terei que correr contra o tempo para colocar esse milho o quanto antes no solo”, conta o produtor.
“Cai nas costas do produtor, tentar rodar 24 horas não está fácil. Está chovendo demais, a janela já começa a escapar para quem vai querer plantar uma área grande de milho e vemos prejuízo se aproximando da gente”, comenta.
As sementes compradas pelo agricultor são de uma empresa de Minas Gerais. O produtor entrou em contato para questionar o atraso da entrega e acabou não se convencendo com a resposta que recebeu.
“Eles dizem que a safra deles atrasou. A cultura não vai esperar dois meses a mais. Cada vez eles dão um argumento diferente. O milho era para estar adiantado. A diferença vai aparecer no final, gerando um efeito cascata”, afirma Kummel Anção.
O produtor afirma que a demora nas entregas se tornaram frequentes nos últimos anos. De acordo com o vice-presidente do Sindicato Rural de Nova Mutum, Emerson Zancanaro, a qualidade dos grãos entregues também é alvo de reclamação.
“Temos relatos de produtores que não recebem a semente ou chegaram de última hora. Depois temos o problema por falta de qualidade. Seja por sementes muito pequenas, soltando a cobertura, a casquinha dela. Então, está bem complicado esse início de plantio do safrinha”, conta Zancanaro.
A orientação do sindicato é que o agricultor monitore as sementes entregues. E aqueles que se sentirem prejudicados em relação à qualidade da lavoura devem procurar a Justiça.
Mesmo com o atraso, o ritmo de plantio do milho segunda safra no estado está acelerado. O levantamento feito pelo Instituto Mato-Grossensse de Economia Agropecuária (Imea) aponta um número de 26% acima da média dos últimos cinco anos.