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Milho

Milho: bactéria que reduz produtividade em 50% é encontrada no Paraná

Instituto Agronômico do estado encontrou a doença, até então desconhecida no Brasil, nas regiões norte, centro-oeste e oeste paranaense

Foto: Iapar/divulgação

O Instituto Agronômico do Paraná (Iapar) confirmou nesta terça-feira, dia 10, a ocorrência de uma nova doença em lavouras do estado. A estria bacteriana do milho, até agora desconhecida no Brasil, foi encontrada em lavouras das regiões norte, centro-oeste e oeste paranaense.

De acordo com o pesquisador Adriano de Paiva Custódio, a doença tem potencial para reduzir à metade o rendimento de grãos em híbridos de milho altamente suscetíveis e é causada pela bactéria Xanthomonas vasicola pv. vasculorum. A ocorrência foi constatada em áreas experimentais do Centro de Pesquisa Agrícola da Cooperativa Agropecuária Consolata (Copacol), no município de Cafelândia.

“Em 2016, percebemos plantas com lesões diferentes do que estávamos acostumados, mas não era um problema evidente e pensamos se tratar de uma doença secundária”, conta o engenheiro-agrônomo Tiago Madalosso.

Nesta safra o problema se apresentou com maior intensidade. “Verificamos áreas com grande pressão da doença, embora ainda sem registrar comprometimento significativo da produtividade”, acrescenta.

Após a análise de plantas doentes encaminhadas ao Iapar, a presença da nova doença em território paranaense foi confirmada e notificada ao Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa).

“Em laboratório, fizemos análises fisiológicas, bioquímicas e moleculares, incluindo sequenciamento gênico, para não haver dúvidas sobre a identidade do patógeno”, explica o pesquisador Rui Pereira Leite Jr., acrescentando que a mera existência de sintomas em plantas não é suficiente para caracterizar um determinado patógeno.

A estria bacteriana do milho já foi registrada na região oeste (municípios de Cafelândia, Corbélia, Nova Aurora, Palotina, Santa Tereza do Oeste, Toledo e Ubiratã), centro-oeste (Campo Mourão e Floresta) e norte (Londrina, Rolândia, Sertanópolis e Mandaguari).

Disseminação
Segundo os pesquisadores, a bactéria pode se propagar por meio da chuva, vento, água de irrigação e equipamentos como tratores, implementos, colheitadeiras e caminhões.

A doença também pode sobreviver de uma safra para outra na palhada e restos de culturas, ou mesmo em outras plantas hospedeiras, invasoras ou cultivadas – espécies como arroz e aveia também são suscetíveis à doença. “Já o potencial de disseminação por sementes ainda não está totalmente esclarecido”, aponta Rui.

O uso de sementes idôneas e de cultivares menos suscetíveis, a desinfecção de equipamentos, a adoção da rotação de cultivos e a destruição de restos de cultura são as principais práticas de controle. Ainda não há produtos testados para o controle da bactéria.

Como ação emergencial, os pesquisadores defendem o investimento em testes nas principais cultivares de milho atualmente disponíveis no mercado, juntamente com a avaliação de produtos químicos registrados para a cultura que podem ter efeito bactericida e bacteriostático.

Reunião técnica
Pesquisadores, técnicos ligados à cadeia produtiva do milho, Iapar, Ministério da Agricultura e a Agência de Defesa Agropecuária do Paraná (Adapar) devem se reunir nesta quinta-feira, dia 12, em Londrina para debater implicações da nova doença para a cadeia produtiva.

Registro da doença no mundo
O primeiro registro da estria bacteriana em lavouras de milho se deu em 1949, na África do Sul. Após décadas circunscrita ao continente africano, foi detectada nos Estados Unidos em 2016, onde se encontra atualmente disseminada em pelo menos oito estados.

Foi, por fim, reportada na Argentina em 2017, de onde chegou ao Brasil, provavelmente pela proximidade. Avaliações preliminares constataram a doença em mais de 30 híbridos cultivados nesta segunda safra, inclusive nos transgênicos. O milho pipoca também é suscetível.

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