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Milho: bioinseticida combate a lagarta-do-cartucho

Feito com a própria lagarta e um vírus encontrado na natureza, produto elimina até 95% da praga, que pode derrubar a produtividade pela metade

Fonte: Divulgação / Pixabay

A lagarta-do-cartucho tem se tornado cada vez mais resistente. E, para tentar controlar a praga que mais preocupa os produtores de milho no país, uma biofábrica em Uberaba, no Triângulo Mineiro, começou a produzir um bioinseticida utilizando a própria lagarta e um vírus encontrado na natureza.

Como o nome científico de Spodoptera frugiperda, o inseto se alimenta de até 100 tipos de plantas, como soja, algodão, tomate, sorgo e, claro, milho. Presente safra após safra, ele ataca a planta desde o surgimento do caule até a formação das espigas.

A lagarta-do-cartucho é a principal praga do milho no país e pode diminuir a produtividade em até 50%. Os prejuízos têm sido maiores a cada ano, já que o inseto tem se tornado cada vez mais residente.

O técnico agrícola da fazenda Bella Vista, Leonardo Rocha, optou por plantar outras variedades de milho para proteger a plantação contra a lagarta, mas não adiantou. Os prejuízos chegaram a cinco sacas por hectare, o que representou quase 30% de queda na produção.

“A lagarta foi crescendo, se desenvolvendo e criando recursos para ficar capaz de se alimentar do milho que tinha tecnologia para que ela não se alimentasse. Devido à falta de um refúgio correto, a lagarta criou resistência à tecnologia que o milho tinha para eliminá-la”, diz Rocha.

Pesquisadores têm notado insetos cada vez mais resistentes ao controle químico e a sementes transgênicas. E, para conseguir mais eficácia, desenvolveram algo já presente na própria natureza. Foi o que o farmacêutico industrial Paulo Bittar buscou em parceria com a Embrapa, a Universidade Federal do Triângulo Mineiro, o Sebrae e o Senai.

“Em 2012, procuramos a Embrapa e houve uma prospecção de tecnologias limpas e importantes para a agricultura. A Embrapa nos forneceu a tecnologia do Baculoviros espodoptera para a lagarta-do-cartucho”, lembra Bittar.

O projeto, que acaba de entrar no mercado, começa em uma biofábrica, onde as lagartas são criadas e passam por todos os processos naturais. As voadoras adultas colocam os ovos, que se tornam minúsculas larvas. Depois, os insetos vão se desenvolvendo e crescendo. Durante toda a vida, eles recebem uma alimentação que contém o vírus fornecido pela Embrapa.

“É um vírus extremamente específico. Ele só ataca a lagarta-do-cartucho e mais nenhuma outra. Por ser bastante específico, não faz mal a nenhum outro organismo vivo. Ou seja, plantas, animais ser humano. É um controle biológico, vida controlando vida, baculovirus controlando lagarta-do-cartucho. E isso faz com que a gente tenha um controle efetivo e sem poluir o meio ambiente, sem poluir mananciais, sem expor os operadores e sem resíduos na comida gerado”, diz Bittar

Após a morte da lagarta que ingeriu o vírus, antes de se tornar pulpa, ela é processada junto com cal. O resultado é um pó que deve ser diluído com água no campo. O bioinseticida natural está pronto e pode ser utilizado. A dose correta é de 50 gramas por hectare.

“O controle é de 90% a 95% para lagartas pequenas e de 75 a 85% para lagartas maiores de até 5 dias”, afirma Bittar. Esse é, segundo ele, o limite de idade recomendado para a aplicação.

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