Agricultura

Milho: começa colheita da 2ª safra em MT, após temporada de chuvas irregulares

Ainda é cedo para avaliar impacto de falta de chuvas em algumas regiões, mas expectativa de produzir mais de 40 mi de toneladas do grão já ficou para trás

Começou a colheita do milho segunda safra em Mato Grosso. Numa temporada marcada pela irregularidade das chuvas, tem agricultor que iniciou os trabalhos com boa produtividade, enquanto outros já confirmam o impacto da seca no desempenho da lavoura.

Espigas bem desenvolvidas e com bom rendimento. O início de colheita é animador na fazenda de Jorge Antônio Pires de Miranda Júnior, em Brasnorte, no noroeste do estado. O agricultor plantou 11 mil hectares de milho nesta segunda safra e contou com um bom regime de chuvas durante o ciclo da cultura.

“Consegui fazer o milho dentro de uma janela boa que é até dia 20 de fevereiro. O começo da colheita está dando dez sacas a mais do que em outros anos, então arrancou colhendo forte”, diz o produtor.

Mas nas áreas tardias, cultivadas em solos mais arenosos, a chuva não foi suficiente. O que pode prejudicar a produtividade média total esperada na propriedade. “A área arenosa vai sentir sim, aí derruba bem a média geral. São esperadas de 80 a 100 sacas nessas últimas áreas”, diz o engenheiro agrônomo André Luiz Carlos de Almeida.

O corte das chuvas também prejudicou outras lavouras no município. A irregularidade das precipitações tem marcado a temporada, segundo o sindicato rural de Brasnorte, que estima queda no desempenho geral dos milharais da região.

“Esse corte da chuva vai trazer uma produtividade bem menor. Tem lugares que não tiveram falta de chuvas, e tem outros em que não choveu nem para milho plantado até o dia 25 de fevereiro ter produtividade, sendo que em anos anteriores a gente acostumou plantar milho até o dia 10 de março e ter boa produção. A gente estava buscando uma safra de milho de pelo menos 120 sacas por hectare; hoje já não estamos contando com milho acima de 90 sacas por hectare”, afirma o presidente do sindicato rural, Cleber José dos Santos Silva.

Em Campo Novo do Parecis, no oeste de Mato Grosso, também tem colheitadeira trabalhando. Vinícius Sponchiado plantou 6.900 hectares de milho e, há pouco mais de uma semana, está com as máquinas no campo. A produtividade das primeiras áreas frustrou o agricultor. “”Está bem abaixo do esperado. Com o investimento que a gente fez, a gente esperava bem mais de produção”, queixa-se.

Outra preocupação na região são as áreas de milho cultivadas tardiamente. Em plena fase de enchimento de grãos, as plantas não recebem chuvas há mais de trinta dias, o que já prejudica o rendimento das espigas.

“Os últimos 30% [da área] do nosso milho plantado mais tarde vai ter uma quebra de 50% para mais, devido que em abril não choveu aqui para nós. Há trinta anos que o meu pai vem plantando aqui, este foi o único ano em que não choveu em abril. O milho sofreu muito com o estresse hídrico. Ainda foi bem no pendoamento, mas não de espiga”, conta Sponchiado.

Com a colheita em fase inicial, ainda é cedo para confirmar o tamanho exato do impacto da falta de chuvas na segunda safra em Mato Grosso. Mas a expectativa inicial, de produzir mais de 40 milhões de toneladas do grão, já ficou para trás. Pelas contas da Associação dos Produtores de Soja e Milho de Mato Grosso (Aprosoja-MT), a quebra já consolidada é de – no mínimo – 10% desse montante.

Nós estimamos que a safra não chegue a 35 milhões de toneladas, com perspectiva de piorar. A gente tem sofrido com divulgações erradas, com mapeamento errados, supersafra estimada no plantio… Como se estima supersafra de uma cultura que é segunda safra?, isso mexe com o mercado mexe com o cenário de custos, e muitas vezes a realidade vem à tona quando o produtor já perdeu no mercado, está pagando mais caro, vendeu seu produto mais barato”, relaciona o presidente da Aprosoja-MT, Fernando Cadore.