A produção de milho é a mais vulnerável ao tabelamento do frete, segundo dados do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea). O grão é seguido por laranja, arroz e leite. Ainda de acordo com o documento publicado pela instituição, os possíveis maiores impactos financeiros podem acontecer nas cadeias de soja, cana-de-açúcar, milho e bovinocultura de corte.
O artigo publicado nesta quinta, dia 19, começa com um dado importante: 42,3% de todo o transporte usado no país é utilizado por produtos do agronegócio. Sendo assim, o setor é o mais exposto aos problemas que podem ser causados pelo tabelamento, como a elevação dos custos e a ineficiências na precificação.
Além do uso absoluto dos serviços de transporte, os pesquisadores destacam que “é interessante avaliar a vulnerabilidade dos setores por meio da sua intensidade de uso do transporte”. Para isso, são comparados os valores utilizados em transporte ao valor de produção total relacionado às culturas. Nesta conta, o milho se sobressai com 8,45%.
Diante dos dados alarmantes, pesquisados destacam que é importante se ponderar não apenas sobre o aumento de custos sobre os agentes do agronegócio, mas também sobre os impactos decorrentes deste efeito sobre a sociedade brasileira. “A consequência direta de uma possível elevação de custos de transporte seria o repasse de parte desses custos aos preços ao consumidor final, influenciando diretamente na elevação da inflação e diminuição de poder de compra do consumidor brasileiro”, consta no artigo. Estes fatores, por sua vez, têm grande relação com o preço dos alimentos e, sobretudo, com o bem-estar da população mais pobre.
Os especialistas também enfatizam que, assim como tende a aumentar o preço ao varejo, a alta do frete necessariamente tende a reduzir o preço ao produtor rural. “Ou seja, consumidor e produtor arcarão com a elevação do custo de transporte”, pontuam os pesquisadores.