A Federação da Agricultura e Pecuária de Santa Catarina (Faesc) reforçou nesta terça-feira, 26, a preocupação com o abastecimento de milho no ano que vem. “O Brasil iniciará 2020 muito vulnerável, com estoques baixos e totalmente dependente do clima”, disse a entidade, em nota. “Como o preço de mercado nunca esteve inferior ao preço mínimo, o governo não se preocupou em fazer estoques. A saída será buscar no mercado internacional”, afirma, acrescentando que isso terá um custo adicional.
A Faesc cita dados do Centro de Socioeconomia e Planejamento Agrícola da Epagri (Epagri/Cepa), que apontam que no estado a área de milho vai recuar 1,07% e a produção pode ser 3,16% menor. “Em Santa Catarina, o déficit de milho – que agora chegará a 4,5 milhões de toneladas por ano – é suprido pelas importações interestaduais de Mato Grosso, Mato Grosso do Sul e Paraná, além das importações da Argentina e Paraguai”, destaca.
Conforme a análise, a constante valorização do preço da soja e a forte oscilação nos preços do milho estimularam a conversão das áreas de milho para o plantio da soja, principalmente nas regiões oeste e meio-oeste. Desde 2012/2013 a área destinada às lavouras de milho-grão reduziu-se em mais de 150 mil hectares.
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Por outro lado, o crescimento da área cultivada para a produção de milho-silagem é outro fator que reduz a oferta de grão para a suinocultura e a avicultura.
O vice-presidente da Faesc, Enori Barbieri, estima que da safra recorde de 101 milhões de toneladas 65 milhões de toneladas ficarão para consumo interno e o restante será enviado ao exterior. “A situação cambial estimula a venda externa e o país deve embarcar 40 milhões de toneladas”, estimou na nota. Para a entidade, o grão ficará mais escasso e mais caro. Lembrando que 5 milhões de toneladas serão transformados em etanol.