O produtor Luiz Divino tem uma área de 530 hectares onde faz a sucessão da soja com milho. A segunda safra foi plantada entre os dias 27 de janeiro e 26 de fevereiro. Pode-se dizer que praticamente 100% da área ficou dentro da janela ideal de plantio, que vai até 20 de fevereiro. Mas este ano a chuva cortou mais cedo. A última registrada na fazenda do seu Luiz, que fica em Nova Mutum (MT), foi no dia 29 de março, pelo menos 20 dias antes dos registros de anos anteriores. Aí o milho plantado mais tarde sofreu.
“Nós temos talhões de 30 sacas, tem uns de 70, 80, 100 e até de 120 sacas, que foram os primeiros plantados. Mas, no geral, acreditamos ter uma colheita de 80 sacas por hectare. Podemos ver inclusive que algumas áreas foram mais sacrificadas por terem sido plantadas perto do dia 28 de fevereiro, que foi quando a chuva cortou. Aí, realmente a lavoura não sai, o milho não sai”, diz o produtor.
Melhorar absorção das raízes para reduzir efeito da seca
O estresse hídrico ocorre quando a necessidade de água pela planta é maior do que a disponibilidade que há no solo. Como ainda não é possível fazer chover, os especialistas defendem que é preciso melhorar a absorção das raízes para reduzir os efeitos da falta de água.
“O produtor pode fazer a raiz em profundidade na mesma altura em que é feito de vegetal para cima do solo. Se eu tivesse uma planta de milho com 2 metros de altura, eu poderia ter esse sistema a 2 metros de profundidade. Algumas pessoas discordam disso porque, mesmo que eu tenha raízes a 2 metros de profundidade, do que me adianta isso se a principal quantidade de nutrientes disponíveis estão nos primeiros 30 centímetros do solo? A planta não come adubo, ela bebe adubo”, afirma o engenheiro agrônomo Paulo Garollo, especialista em milho da Bayer.
Perfil do solo
Jaime Gabrieli, vizinho do Luiz Divino, também sentiu os efeitos da seca que chegou mais cedo. Há duas décadas ele toma o cuidado de não plantar a segunda safra depois que fecha a janela. Dos 2 mil hectares de lavoura, plantou 65% com milho e o restante com milheto para cobertura de solo.
Ele conta que em sua fazenda é feito um trabalho para melhorar o perfil do solo, justamente para haver melhor enraizamento das plantas.
“Aqui nós fazemos uma aplicação de umas 4 ou 5 toneladas de calcário e então um gradeamento de 25 a 30 centímetros para colocar o calcário em uma quantidade maior. Com isso. tem-se uma quantidade maior de faixa de solo fértil sem alumínio tóxico, permitindo que a cultura seja mais desenvolvida. Cada ano fazemos uma parcela de incorporação de solo mais profundo para ser mais fértil”, diz.
Genética
Para o especialista em milho Paulo Garollo, além do solo, o produtor tem outras possibilidades para enfrentar situações como a que ocorreu nesta safra.
“Procuramos hoje, dentro da genética moderna, trabalhar híbridos que consigam expandir mais em profundidade e em volume o sistema radicular, e isso é um problema genético porque a raiz é uma característica genética das plantas”, afirma Garollo.