A propriedade da família de Valmir José Schneider será a primeira de Mato Grosso a colher milho nesta segunda safra. A lavoura, cultivada no início de janeiro, deve render em média 150 sacas por hectare. “O clima foi espetacular para o desenvolvimento dos grãos; não faltou chuva e não teve períodos de altas invernadas”, conta o produtor. Comparada à temporada anterior, é uma mudança da água para o vinho. O plantio em 2018 foi tardio, o que afetou a produtividade, rendendo apenas 87 sacas por hectare.
Schneider quer aproveitar os preços iniciais da temporada, que, segundo ele, estão acima dos R$ 26 por saca. “Vale a pena colher, mesmo que esteja um pouco mais úmido, porque fizemos contratos futuros a R$ 19. Ganhando R$ 5 ou R$ 6 é um bom negócio”, diz.
O milho vem ganhando cada vez mais espaço na fazenda. Neste ano, ocupa 1.880 hectares. Segundo o engenheiro agrônomo Diogo Trajano da Silva, o otimismo com o potencial produtivo se refletiu em investimentos, principalmente em adubação. “Ele quer produzir materiais mais precoces, obedecendo a janela de tempo. O resultado é sucesso e desmistifica toda a questão de que regiões baixas e com noites quentes não produzem milho”, declara.
Segundo o produtor Olimar Luciano Schneider, o investimento em adubação foi 10% maior neste ano. “Acreditamos que a safra seja entre 20% e 30% maior que a média dos últimos anos”, estima.
Até o patriarca da família, Egídio Selfredo Schneider, ficou surpreso com o resultado desse ano. Três décadas atrás, quando ele comprou a fazenda, a cultura sequer fazia parte dos planos. “Nos primeiros anos era só soja, não tinha nada de milho, muito menos segunda safra. Agora, fico sem palavras para descrever o sentimento”, declara.
Mas a colheita adiantada da segunda safra acendeu um alerta em quem vai demorar mais tempo para entrar com as máquinas em campo. O presidente do Sindicato Rural de Canarana (MT), Alex Wish, acredita que a concorrência vai desvalorizar o grão colhido mais tarde. “Vamos supor negócios na faixa de R$ 30 até R$ 33 reais; a gente pode cair para R$ 22 no momento que começar a entrar os milhos safrinha”, afirma.
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Neste ano, agricultores mato-grossenses plantaram mais de 4,7 milhões de hectares de milho. A produção prevista pelo Instituto Mato-Grossense de Economia Agropecuária (Imea) é de 29,3 milhões de toneladas.