Cerca de um milhão de toneladas de milho já foram perdidas no Rio Grande do Sul devido à estiagem severa, o equivale a 15% da produção do estado, afirma o analista Paulo Molinari, da consultoria Safras & Mercado.
“Em qualquer localidade fora da região das Missões (no noroeste gaúcho), a situação está catastrófica. Atingiu o milho na fase de polinização e não tem mais volta. Mesmo que chova 100 milímetros em janeiro, as perdas já estão aí”, diz.
Por causa dos feriados de Natal e Ano Novo, ainda não foi possível consolidar números, mas a Safras deve publicar a estimativa atualizada para o ciclo 2019/2020 em 10 de janeiro. “Acredito que a quebra pode chegar a 1,5 milhão ou 2 milhões de toneladas”, salienta.
Quanto aos demais estados produtores, Molinari conta que a temporada começou ruim, principalmente no Paraná, Goiás, Mato Grosso e Minas Gerais, porém, regularizou-se. “As chuvas estão ocorrendo, apesar de não plenamente regulares”, argumenta.
E como ficam as cotações do milho?
O primeiro semestre de 2020 já vinha se desenhando bastante positivo para os preços do milho no mercado interno. Agora, com essa situação no Rio Grande do Sul — e na Argentina, que também sofre com a seca —, os valores podem se sustentar ao longo de todo o semestre. “E isso coloca mais atenção sobre a segunda safra a partir de julho”, comenta o analista.
Segundo Molinari, a motivação para que os produtores aumentem a área da segunda safra já existe. “Todo mundo está vendo a demanda e a possibilidade de ter um ano bom”, diz.
As grandes dúvidas, de acordo com ele, são o norte do Paraná, Mato Grosso do Sul e parte de Goiás, onde o plantio da soja atrasou demais. “Talvez não dê tempo de plantar toda a safrinha”, afirma.