O mercado de milho vê preços firmes no Brasil para a próxima semana, enquanto se mantém atento ao plantio do cereal pelos produtores dos Estados Unidos.
Confira abaixo os fatos que deverão merecer a atenção do mercado de milho no período. As dicas são do analista Paulo Molinari, da consultoria Safras & Mercado:
- O mercado se empolgou com alguma compra de milho por parte da China, o que, até o momento, é tecnicamente inexplicável, já que o país asiático tem em estoque cerca de 200 milhões de toneladas do grão. Mas, tão logo a empolgação passou, os preços na Bolsa de Chicago voltaram a ceder
- O risco para o milho é de um plantio acima do normal na safra norte-americana de 2020, gerando uma superprodução e um elevadíssimo estoque de passagem a partir de setembro. O risco desse movimento está na fraca condição da soja, visto que a China não eleva as compras do produto norte-americano
- Atenção ainda ao clima na Argentina, apesar da projeção de boas ocorrências de chuva para a próxima semana
- A safra argentina, na projeção atual, está em 48 milhões de toneladas
- No Brasil, o quadro segue muito firme. As colheitas seguem para a segunda metade na região gaúcha das Missões, por exemplo, e os preços não caem; pelo contrário: estão muito estáveis
- Haverá colheitas regionais até abril, certamente, mas muita procura deve surgir por esse milho novo, já que ele será mais barato do que o importado
- Os fretes devem começar a subir nos próximos dias com a colheita da soja, o que deve dificultar o trânsito do milho em longas distâncias e elevar os preços CIF
- Pode ocorrer com as colheitas regionais o mesmo que nas Missões, no Rio Grande do Sul: ou seja, a colheita passa e os preços sobem
- Para a “safrinha”, contudo, o quadro é muito diferente. Se houver a confirmação de um plantio elevado com milho nos Estados Unidos e não houver problemas grandes com a safra norte-americana, o espaço para preços internacionais na Bolsa de Chicago acima de US$ 3,70 por bushel é muito limitado
- Uma supersafra nos EUA limitaria os preços nos portos brasileiros a R$ 37-R$ 38 ou menos, e com o mercado interno tendo que se ajustar a esse perfil para poder exportar
- É possível haver uma segunda safra recorde em 2020, e a necessidade de exportação de
30 milhões de toneladas no segundo semestre é inevitável. Sem ela, a segunda metade do ano terá preços completamente diferentes da primeira.