A produtora Cristiane Zancanaro, de Cristalina (GO), desistiu de produzir café como commodity e resolveu apostar em mercados consumidores exigentes, que buscam produtos mais refinados. “Fechamos dois containers para a Grécia e, neste mês, outros dois para a Austrália”, conta. Para atender essa demanda, ela adotou um rigoroso processo de seleção de grãos.
Há um ano, Cristiane faz parte da Aliança Internacional das Mulheres do Café, serviço que busca novos mercados consumidores e aperfeiçoamento do sistema produtivo.
A organização sem fins lucrativos foi criada em 2003, a partir do encontro de mulheres da indústria dos Estados Unidos com produtoras da Nicarágua. Atualmente, 22 país estão representados na entidade, o que ganhou o nome de capítulos. O Brasil faz parte desde 2010, dividido em subcapítulos.
De acordo com a presidente da aliança no Brasil, Cíntia Matos, as organizações estaduais foram formadas para facilitar a comunicação entre as produtoras. “Para que elas possam dizer ‘eu pertenço ao subcapítulo do Cerrado ou das Matas de Minas, por exemplo’”.
As mulheres que trabalham nas lavouras de café têm entre 26 e 59 anos, mostra o levantamento da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) feito com participantes da organização. Quase 90% delas são proprietárias das terras.
O monopólio feminino é explicado pela vocação delas no trato com o produto. “A gente tem uma nova onda de cafés especiais, que necessitam de cuidado maior. As mulheres têm se envolvido muito com esse mercado”, diz Cristina Arzabe, pesquisadora da Secretaria de Inteligência e Relações Estratégicas da Embrapa.