A escolha das sementes é o primeiro passo para o bom desenvolvimento de uma lavoura, mas existem outros cuidados que são necessários até o momento do plantio para que a eficiência do insumo atinja o seu nível máximo. Já que estamos no período próximo a semeadura do milho, procuramos por especialistas que trouxeram dicas para que a segunda safra do grão seja um sucesso. Confira:
1. Certificada ou não
A certificação de sementes é o processo de produção controlado por um órgão competente, através do qual se garante que a semente foi produzida de forma que se possa conhecer sua origem genética e que cumpre com condições fisiológicas, sanitárias e físicas pré-estabelecidas. Quando o produtor compra sementes certificadas, ele tem a certeza de que elas foram produzidas dentro de um sistema de controle de qualidade que envolve desde a condução do campo de produção até o armazenamento, passando pela secagem, limpeza, classificação, tratamento, embalagem e análise laboratorial.
2. Os benefícios do tratamento industrial
Tratamento de sementes é o processo de aplicação de ingredientes químicos e/ou organismos biológicos às sementes para auxiliar na nutrição da planta de modo que potencialmente impulsione sua produtividade. Além disso, eles servem para suprimir, controlar ou afastar patógenos, insetos ou outras pragas que atacam sementes, mudas e plantas.
O tratamento industrial de semente é mais recomendado por ser realizado em ambiente totalmente controlado e com processos mais seguros e eficazes, já que muitos fatores influenciam a integridade e a eficácia da semente e comprometem o rendimento do produto, como: utilização de equipamentos apropriados e em boas condições de funcionamento; utilização de processos adequados e consistentes; compatibilidade de produtos no tratamento, com quantidades recomendadas de cada componente químico ou biológico em suas formulações; dosagens corretas; uso de produtos dentro do prazo de validade.
Desse modo, o tratamento industrial é eficaz no combate dos efeitos negativos das pragas no momento do plantio e, assim, ajuda os agricultores a produzir mais e com melhor qualidade, ao mesmo tempo em que minimizam o impacto negativo aos seres humanos, aos animais e ao meio ambiente.
3. Muito cuidado com o transporte
É preciso evitar ao máximo os danos às embalagens de sementes tratadas para garantir a qualidade do produto. Além disso, é necessário proteger as sementes do calor e umidade excessivos.
4. A importância de limpeza e higienização
Ao receber as sementes em sua propriedade, o produtor precisa se atentar para o manejo integrado de pragas das sementes armazenadas. O objetivo é preservar, durante a armazenagem, a qualidade e a genética das sementes adquiridas.
O manejo começa pela limpeza da área de armazenagem para eliminar todos os resíduos nas instalações – corredores, passarelas, túneis, elevadores e moegas. Esses locais devem ser varridos e os resíduos de grãos e o pó coletados e eliminados.
Além disso, é aconselhável queimar ou enterrar esse material para evitar a proliferação de insetos e de fungos, que poderão reinfestar o local. Após essa limpeza, os locais deverão ser higienizados com termonebulização e/ou pulverização com inseticidas registrados para eliminar os insetos presentes em paredes, em máquinas e em equipamentos. Depois que a higienização for realizada, o local poderá receber as sementes.
Notícias Relacionadas
5. Atenção ao armazenamento
Com o tempo, as sementes perdem seu potencial germinativo e de vigor. Condições apropriadas de armazenamento podem prolongar a duração destas sementes. O local de armazenamento deve proteger as sementes da luz solar e de temperaturas elevadas, além de ser ventilado. Para evitar umidade, as embalagens devem estar acondicionadas em paletes de madeira e posicionados a uma distância mínima de 50 cm das paredes.
O piso do local de armazenagem também deve ser, preferencialmente, de concreto frio usinado e as paredes não poderão conter trincas e rachaduras. Sementes tratadas devem ser armazenadas em uma instalação segura e com acesso restrito, separado de alimentos e rações e fora do alcance de crianças, animais e pessoas não autorizadas.
6. Fique de olho nas pragas
O sistema de monitoramento de pragas é de extrema importância nesse momento. Nessa etapa, é possível detectar o início de qualquer infestação que poderá alterar a qualidade final da semente. O sistema deve considerar um método eficiente de amostragem de insetos, de medição da temperatura e da umidade da semente, e de detecção da presença de fungos.
Além de estar sempre atento, é importante também conhecer cada uma das pragas que atacam sementes armazenadas e se informar sobre os seus hábitos alimentares e os seus ciclos de vida. Assim, é possível escolher o manejo mais adequado.
7. Os métodos de controle
Existem no mercado dois métodos utilizados no controle de pragas, os físicos e osquímicos. Os métodos físicos envolvem a manipulação de fatores como: temperatura, umidade relativa do ar e uso de pós-inertes na dessecação (inseticida natural a base de terra de diatomáceas). Eles podem ser empregados isoladamente ou combinados, para aumentar a eficácia da ação.
Já os métodos químicos, que fazem uso de inseticidas, podem ser aplicados de forma preventiva, principalmente se o período de armazenagem for superior a 60−90 dias, ou curativa, fazendo uso de gás quando houver infestação no lote, silo ou armazém. Os métodos químicos mais comuns são: expurgo, atomização e nebulização.
8. Para ter um plantio de sucesso
Os equipamentos de plantio devem estar sempre limpos e com as manutenções em dia. Além disso, é preciso calibrar e regular as máquinas corretamente, bem como um conhecimento adequado do seu terreno, para extrair o máximo de rendimento da produção. Isso é parte da agricultura de precisão. Máquinas modernas regulam o espaçamento de acordo com o relevo e tipo de solo e, com isso, o agricultor economiza sementes onde o solo é mais alto e possui pouca matéria orgânica e aumenta a densidade onde o solo comporta um número maior de sementes, devido à maior abundância de água e nutrientes.
Dicas elaboradas por:
Pedro Buso – engenheiro agrônomo, doutor em produção vegetal e especialista em desenvolvimento de tecnologia para soluções aplicadas em sementes da Monsanto.
Frederico Pereira – administrador com MBA em Logística e Gestão de Processos e analista de logística da Monsanto.
Guilherme Cruz – biólogo e gerente de regulatório da Monsanto.
