Sealba é a nova fronteira agrícola no Nordeste. A faixa territorial engloba Sergipe, Alagoas e o nordeste da Bahia e acaba de ganhar um zoneamento agrícola de risco climático. O documento elaborado pela Embrapa será importante para o desenvolvimento econômico e social da região.
O produtor Gleiton Medeiros nos enviou alguns vídeos, onde mostra como está a lavoura de milho na sua propriedade, no agreste sergipano. Ao contrário de boa parte do país, o plantio é feito entre abril e maio, período mais chuvoso do ano. Já a colheita é realizada entre outubro e novembro.
“A vantagem de produzir milho aqui nesta região é a proximidade com o grande mercado consumidor de granjas, indústrias e os portos. A área mais distante dos portos está a 250 quilômetros”, disse.
A propriedade de 150 hectares fica próxima ao município de itabaiana e faz parte de uma recente fronteira agrícola. A faixa territorial entre o litoral, agreste e parte do semiárido engloba três estados: Sergipe, Alagoas e Bahia. A área batizada de Sealba tem 171 municípios e é responsável por cerca de cinco milhões de hectares.
E essa região acaba de ganhar um Zoneamento Agrícola de Risco Climático (Zarc) para o milho primeira safra. O documento foi elaborado por pesquisadores da Embrapa Tabuleiros Costeiros, com base na classificação do solo, arenoso, argiloso ou intermediário e também levando em consideração o índice pluviométrico dos últimos quinze anos em cada município. Assim foi possível estabelecer um percentual de probabilidade da plantação ter sucesso ou não.
“Os pesquisadores fazem o levantamento com essas características, inclusive as características do milho, quanto ele evapora, quanto ele transpira , qual o regime de fotossíntese dele, o coeficiente do uso de água dele também entra na conta, agente apresenta isso para o grupo de produtores, e com a experiência deles, eles falavam sim, isso faz sentido para mim”, disse o pesquisador da Embrapa, Saulo Coelho.
Além de indicar aos produtores a janela ideal de plantio e a cultivar mais adequada em cada local, o Zarc vai ajudar na contratação do seguro rural e no acesso a novas tecnologias. Segundo o pesquisador da Embrapa Tabuleiros Costeiros Antonio Santiago, essa é uma maneira de dar uma garantia para quem investe na região. “Isso é uma garantia tanto para seguradora, tanto para o empresário ou produtor rural. Essa ferramenta de risco climático é um indutor de adoção de tecnologia, porque quando se faz um empréstimo, um seguro, há uma exigência também de se utilizar os adubos na hora certa, utilizar materiais genéticos mais promissores para aquela região, que já foram testados também pelo sistema nacional de pesquisa agropecuário”, falou.
Apesar de ser o menor estado da federação, Sergipe está entre os quatro maiores produtores de milho do Nordeste com cerca de 800 mil toneladas. Alagoas e o Nordeste da Bahia também estão aumentando a área de grãos, inclusive de soja.
“A produção de milho aqui traz também um grande fator importante, que é a questão social da região, porque são vários pequenos e médios produtores e isso faz com que a distribuição de renda seja de forma bem distribuída na nossa região, levando desenvolvimento para as pequenas cidades”, disse Gleiton.