Os produtores de café do sul de Minas Gerais estão apreensivos com o início da colheita na região. O rendimento do grão está menor do que o esperado e a queda nos preços preocupa o setor.
Em Guaxupé, o produtor rural Urbano Lopes Neto, já colheu metade dos 64 hectares de café e os trabalhos devem continuar até o fim de junho, se tudo correr dentro do planejado. “No início nós tivemos alguns problemas com chuva e isso atrapalhou um pouco a secagem do café no terreiro e na lavoura, mas agora está dentro da normalidade e caminhando no ritmo certo”, falou.
De acordo com o produtor, a produtividade vai ser de quarenta sacas por hectare, resultado já esperado para esta safra. O que realmente preocupa é a queda nos preços do café neste início de colheita. “Os preços praticados quase não remuneram o custo de produção. Tivemos aumento significativo no custo de produção e a gente fica assustado com os valores, que não remuneram o produtor”, completou.
De acordo com os dados da consultoria Safras & Mercado, os preços do café arábica na região sul de Minas Gerais caíram mais de R$ 50 nos últimos doze meses. Atualmente, a saca de 60 quilos é vendida a menos de R$ 450. Segundo o presidente da Cooxupé, maior cooperativa do setor no mundo, Carlos Paulino, o momento é delicado para o produtor.
“O produtor não pode entrar em pânico e querer vender e qualquer maneira, mas nós não podemos também financiar toda essa safra para acumular no próximo ano uma safra boa com um remanescente de estoque muito grande. É difícil ter uma solução, cada produtor precisa analisar o seu caso”, disse Paulino.
A produtividade média projetada na região é de 25 sacas por hectare, queda de 17% em relação ao ciclo passado. A queda de rendimento é reflexo da bienalidade da cultura, que alterna anos de alta e baixa produção. Para Paulino, este pode ser um fator decisivo no fechamento das contas.
“O preço que está vigorando é para o café de qualidade e ninguém tem condições de produzir 100% de café de qualidade, daqui pouco entra o café de varreção. Então, no final, o preço médio vai ser inferior a R$ 400 e com a produção baixa vai ser difícil pagar o custo”, falou.