O café arábica tipo 6 no sul de Minas Gerais caiu 12,6% no primeiro trimestre do ano e os contratos futuros negociados na Bolsa de Nova York se desvalorizaram no mesmo período. De acordo com o jornalista especializado no mercado de café Lessandro Carvalho, da Agência Safras, as cotações começaram o ano se ajustando à perspectiva de produção recorde no Brasil na temporada 2020/2021 — prevista em 68,1 milhões de sacas de 60 quilos pela consultoria Safras.
Pesou também sobre os preços a projeção do Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA) de superávit (quando a oferta supera a demanda) de 10 milhões de sacas. “Essa tranquilidade acabou determinando perdas”, pontua.
Além disso, o mercado de café também vem sofrendo com os reflexos da pandemia de Covid-19 sobre a economia global. “O café não ficou imune. Houve revisão na expectativa global, que foi diminuindo pouco a pouco. O USDA ainda prevê alta de 1,4%, mas algumas entidades indicam que até pode cair”, diz.
Ao longo de junho, a Bolsa de Nova York apresentou certa recuperação. Segundo Carvalho, o movimento está mais associado à parte técnica. Fora isso, chegou o período de frio no Brasil e há previsão de massas polares a caminho, o que gera preocupação e faz os fundos de investimento comprarem mais.
“Mas é difícil que o mercado mantenha um voo mais alto do que o que estamos vendo. A grande oferta brasileira deve travar movimentos mais significativos”, projeta. O especialista frisa que agora os preços vão depender bastante do câmbio, de quanto tempo a pandemia ainda vai durar e dos reflexos sobre a economia.