O produtor rural Bruno Bortoluzzi planta milho no estado que possui uma equação muito difícil de ser resolvida. Santa Catarina produz mais de seis milhões de toneladas do grão e, mesmo assim, importa três milhões de toneladas todos os anos para atender a suinocultura e a avicultura, cadeias que movimentam a economia do estado.
Mesmo com a conta difícil de ser fechada pelo estado através da autossuficiência, Bortoluzzi conta que superou o individualmente e conseguiu dobrar a produtividade em 15 anos. O caso do agricultor foi mostrado no programa Mais Milho deste sábado, dia 2, que tenta responder esta pergunta: por que é tão difícil plantar milho no estado catarinense?
“Começamos a produzir milho numa época em que 120 sacas por hectare era recorde de produtividade, mas as práticas de cultura foram evoluindo e hoje chegamos a 250 sacas de sequeiro por hectare”, conta o produtor.
Para alcançar esta marca Bruno diz que foi preciso fazer o dever de casa. Preparar solo adequadamente, fazer correção e apostar na agricultura de precisão.
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“Nós vimos que estávamos colocando a semente no solo não tão fértil. O que fizemos? Preparamos o solo com calagem e agricultura de precisão. Depois descobrimos que estávamos colocando muito pouco adubo na terra. Queríamos colher e não estávamos dando suporte, 300 quilos de adubo para o milho estava bom, hoje colocamos mais de 600 quilos. Em 15 anos, saltamos de 120 para 250 (sacas por hectare), dobramos a produtividade de milho.”
Solução
A cultura do milho poderia estar em melhor situação, segundo o produtor, se a agroindústria incentivasse o plantio. De acordo com Bruno, é preciso valorizar e pagar mais pelo grão produzido em Santa Catarina, que é novo e livre de microtoxinas. Só assim, ele acredita, o estado vai se tornar autossuficiente na produção.
“Hoje o agricultor faz uma conta simples e objetiva, quando um saco de soja pagar dois sacos de milho, ele deixa o milho de lado e vai para soja”, explica.
Outro segredo que ajuda a capitalizar o produtor catarinense é a diversificação. Além da produção de sementes em grande escala, Bortoluzzi aposta em uma atividade que vem crescendo. Santa Catarina já é a quarta maior bacia leiteira do país. São mais de 200 mil hectares de milho plantados para produção de silagem.
“Agrega valor à propriedade com uma renda fixa. Tem fluxo de caixa, todo mês tem dinheiro na conta. A folha dos meus funcionários, os gastos com o diesel, pago tudo com a receita do leite. É uma engrenagem. Se o sistema agroindustrial cresce, aumenta tua chance de vender milho e produzir mais”, ensina Bruno.
Tabela do frete
Enori Barbieri, vice-presidente da Federação de Agricultura e Pecuária de Santa Catarina (Faesc), que também participou do programa Mais Milho, ressalta que com a nova política de preço mínimo do frete, instituída em 2018, a situação se agravou para o estado. De acordo com ele, a busca por milho de outros estados ficou muito mais cara.
“Com a nova tabela do frete, se tornou inviável buscar milho muito longe. E você importar milho para cá também não é uma coisa muito boa. Precisamos aumentar a nossa produção do cereal em Santa Catarina. E isto só vai acontecer quando o produtor diversificar e investir em tecnologia”, afirmou.
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