O cultivo de variedades de milho de dupla aptidão tem se tornado uma alternativa para pequenos produtores. No interior de Sâo Paulo, um agricultor aumentou em 50% a rentabilidade na safra de verão com o plantio de híbridos, que podem ser usados tanto na produção de milho verde como nos grãos tradicionais.
Allan Delfino sempre plantou soja, mas há dois anos teve a ideia de substituir o cultivo do grão. O agricultor decidiu apostar no cultivo de variedades de milho de dupla aptidão para ter mais flexibilidade na venda do produto.
“Enquanto com o milho seco eu demoro uns 160 a 170 dias para colher uma safra, consigo fazer duas safras com o milho verde, que tem um ciclo em torno de 85 a 90 dias”, diz ele.
Nesta safra, Delfino plantou 30 hectares de milho com variedades de dupla aptidão. O produtor vai destinar 100% da produção para o milho verde. Os preços estão na casa de R$ 300 a tonelada na região de Sorocaba, interior de São Paulo. O produtor espera rentabilidade 50% maior em relação à venda do grão tradicional.
“O milho seco garante uma rentabilidade hoje de R$ 2.500 a R$ 2.800 por hectare. Já o milho verde me dá um retorno de R$ 4.500, uns 60% acima”, comemora.
Com as sementes de dupla aptidão, o produtor pode escolher se vai produzir o milho verde ou o grão seco, de acordo com os preços do mercado. O engenheiro agrônomo Pedro Fonseca explica que o manejo é o mesmo. A única diferença é a duração do ciclo produtivo.
“O agricultor vai plantar com a mesma adubação, com o mesmo manejo de pragas e controle de lagartas. A única diferença é que, se for destinado ao milho verde, a colheita acontece antes, em torno de 80 a 90 dias. Já o milho grão leva até 180 dias”, afirma Fonseca.
O agrônomo destaca que a variedade pode ser cultivada o ano todo, buscando a produção de milho verde. A colheita é manual e geralmente fica a cargo do comprador. Um ponto importante no processo é a escolha correta da variedade.
“Essas características são coloração mais clara, sabugo claro e principalmente tempo de bandeja. Devem ser híbridos que duram de 15 a 20 após serem embalados na gôndola do supermercado”, diz o agrônomo.