Em Mato Grosso, o período proibitivo de queimadas na zona rural vai ser adiantado para o dia 1º de julho e deve se estender até 30 de setembro. No acumulado do ano, são mais de 6 mil focos, quase 7% a mais que o ano passado e a grande maioria ocorre em propriedades rurais privadas.
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Para tentar reduzir os riscos de incêndios durante a colheita do milho, uma cartilha foi lançada para auxiliar os produtores, que estão em ritmo acelerado de colheita do milho, como é o caso da fazenda de Luciano Canepelle, que trabalha com uma expectativa de produtividade de 130 sacas por hectares e mais de 40% dos 1.800 hectares já foram retirados do campo.
A pressa, no entanto, tem como motivo o medo pela exposição das lavouras aos riscos de incêndio, que inclusive já causaram prejuízos ao produtor. “Teve um ano que a máquina soltou uma fagulha, queimou o milho em pé e a resteva do milho, onde amargamos prejuízos do milho em pé e da resteva, pois até hoje o solo ainda sente onde passou o fogo”, relembra.
Para evitar novas queimadas, foram adotadas algumas medidas de prevenção no trabalho de colheita. “A gente tem parado as máquinas nos horário mais quentes do dia, que é entre 10h30 e 15h, e ainda vamos colocar um trator grande e tanque com água na frente das colheitadeiras. Conversamos com os funcionários que, em momento de fogo, é preciso manter calma e destreza para que não ocorram prejuízos maiores”, disse o agricultor.
Na propriedade de Sérgio Dalmaso Ferreira, no município de Cláudia (MT), o incêndio na lavoura também levou o proprietário a investir contra incêndios. Na época, as chamas consumiram grande parte da lavoura de palhada e de milho e tudo começou com uma faísca de uma colheitadeira.
“Foi mais ou menos umas 10h que iniciou o fogo, aí a sorte da gente que tinha um grupo de produtores e os vizinhos que conseguiram acalmar, tentamos controlar o fogo, mas foi difícil. Na época a gente não tinha idéia dos danos materiais quando acontece de incendiar uma lavoura, mas foi um prejuízo de 2.500 sacos de milho mais ou menos.”
De acordo com o Batalhão de Emergências Ambientais, de 1º de janeiro a 22 de junho de 2020 foram registrados 6.160 focos de calor em Mato Grosso. Isso representa 6,8% a mais que no mesmo período do ano passado e, desse montante, 88% foram detectados em propriedades rurais privadas.
“Com a aproximação do período de estiagem, aumenta a preocupação do produtor rural com a possibilidade dos incêndios florestais e suas consequências, como os graves problemas as pastagens e as lavouras”, disse o tenente e chefe de operações do Corpo de Bombeiros, Lucas de Souza Brito.
A Associação dos Produtores de Soja e Milho de Mato Grosso (Aprosoja-MT), deu início a uma campanha preventiva. A ação conta com a parceria do Corpo de Bombeiros e visa evitar os incêndios em áreas rurais. Na cartilha “colheita segura”, o produtor encontra várias informações sobre como diminuir as chances de fogo na propriedade.
“A Aprosoja tem essa parceria que faz uma campanha nesse período, por não ser possível essa campanha presencial, estamos reforçando uma campanha virtual com vídeos informativos para que não ocorra fogo nas nossas áreas e tenhamos prejuízos, períodos mais secos fica muito propício aos incêndios voluntários nas áreas rurais. Vamos tomar o máximo de cuidado deixar as nossas equipes de máquinas prontas que toda fazenda já tem, um trator com grade, um tanque com água abastecido, no pé do talhão junto a colheita, fazer um aceiro nas APP, nas épocas de muito vento colher contra o vento, para tocar o vento para área colhida, para evitar multas e o maior prejuízo que é a queima da palhada e matéria orgânica que o produtor tanto trabalha para fazer”, informou o Coordenador da Comissão de Sustentabilidade da Aprosoja-MT, Fernando Ferri.
O comandante do Corpo de Bombeiros, Flávio Gledson Vieira Bezerra, lembra que o governo estadual ainda vai providenciar uma estrutura para proteger as propriedades. “É importante também frisar que os órgãos fiscalizadores estão a campo justamente para verificar a questão do uso irregular do fogo em desmatamento, então, hoje o Corpo de Bombeiros também pode autuar contra o uso irregular do fogo através de foto satélites em tempo real a origem do fogo.”