Para cumprir contratos que ficaram pendentes na última temporada, produtores de milho de Goiás ampliaram o cultivo do cereal. A área semeada no estado cresceu 10% nesta safra, roubando espaço da soja.
O presidente da comissão de grãos da Federação da Agricultura e Pecuária de Goiás (Faeg), Flávio Faedo, afirma que os bons preços e a necessidade rotação de culturas também contribuíram para o aumento de área. Mas parte dos produtores foi praticamente obrigada a plantar o milho.
Ele lembra que o preço da saca, hoje na faixa de R$ 32, esteve a R$ 40. Segundo ele, um dos motivos dessa queda foi o fato de as tradings terem segurado as exportações, destinando o grão ao abastecimento brasileiro. “O produtor perdeu porque não colheu, teve que cumprir o contrato com valores de R$ 22 a R$ 25 e as tradings venderam a R$ 45 no mercado interno. O agricultor ainda teve que plantar milho a mais nesse verão para terminar de cumprir contratos”, diz.
Mas esse não foi o único incentivo para os produtores goianos investirem no milho nesta primeira safra. Celso Ribeiro, por exemplo, plantou soja em 750 hectares nas últimas duas safras de verão. Neste ciclo, entretanto, reservou 30% da área para o cultivo do milho. A decisão foi uma estratégia para tentar conter o avanço da mosca-branca, praga que causou 50% de quebra da produtividade na temporada passada.
Ele afirma que há maior pressão da praga sobre a soja em meados de janeiro. “É mais rentável ter milho, que não vai florescer (nessa época) para assim não ter tanto problema com mosca-branca”, diz.
Segundo o engenheiro agrônomo Pablo Cabral, especialista em genética e melhoramento de plantas, a rotação de culturas é uma excelente estratégia para quebrar o ciclo das pragas. “Geralmente, a gente recomenda que (em sucessão) se plante outro tipo de cultura, por exemplo, feijão, crotalária, que pode dar melhor estrutura do solo”, afirma o agrônomo.