Produtores de milho se animam, e Rio Grande do Sul volta a investir na cultura

Preços históricos, causados pela quebra de produção no Centro-Oeste, animam agricultores em relação ao desenvolvimento da safra 

Fonte: Pixabay/divulgação

O plantio de milho começa a animar produtores no Rio Grande do Sul, após dez anos conturbados. Durante esse período, a área plantada teve uma queda de 48%, passando de 1,4 milhão de hectares para 739 mil. A curva, no entando, começa a se inverter, sobretudo em função do preço pago ao produtor na última safra.

O engenheiro agrônomo e mestre em agricultura de precisão Rodrigo Dias acredita que diversos fatores contribuíram para a diminuição. “O preço de alguns fertilizantes teve aumento de 100% nos últimos dez anos. Outra parte tem a ver com o risco. O milho é uma cultura que demanda um pouco mais de clima, de chuva. Em algumas regiões, isso acaba não acontecendo e aí a produtividade cai, fazendo com que o produtor desista da cultura”, analisa. 

O especialista, no entanto, acredita em aumento no preço pago ao produtor. Ele afirma que muitos produtores já tiveram opções de contrato na faixa de R$ 40 a R$ 45 a saca, e os valores devem se fixar por aí. “Tem também o avanço genético, que proporciona mais materiais adaptados para diversas condições. Isso propicia um aumento de produtividade que paga o custo de produção”, analisa. 

Um exemplo do momento mais “animador” é o do produtor João Vinicius Soldá, que viu a produção cair 30% por geadas e granizo. Este ano, o cenário mudou e o investimento, também. Tudo graças à rentabilidade do grão. 

“Espero 150 sacos por hectare. Neste ano, investimos mais em adubação, sementes de alta tecnologia, calcário, ureia, fungicida, inclusive (lançados por) avião, que não se usava aqui. Apostamos na cultura”, afirma Soldá. 

O produtor sabe que o preço recorde de R$ 60 a saca não vai se repedir. Mesmo assim, o previsto já faz valer a pena. “Em função do preço investimos mais neste ano, acreditando mais na lavoura e também para voltar em renda para nós. Projetamos a lavoura acima de R$ 45 por saco”, conta. 

A colheita de milho no Rio Grande do Sul começa no final de dezembro, e a expectativa é de boa produção. “O milho está com boa sanidade, no desenvolvimento adequado e o clima foi satisfatório, não tivemos nenhum problema de excesso ou falta de chuva e a temperatura está boa. Então, tudo tem se encaminhando para uma safra excelente”, completa Rodrigo Dias.